sábado, 20 de dezembro de 2008

Mães deficientes visuais cuidam sozinhas dos filhos

*Na foto: Laura de Abreu Freitas
Fotografo: J. LUÍS

O toque, o cheiro, o som e a intuição são as armas secretas das mães cegas na hora de cuidar dos filhos pequenos

A cegueira não impediu que 12 mulheres cearenses com deficiência visual realizassem o sonho da maternidade. Como toda mãe de primeira vez, elas tiveram que aprender a amamentar, dar banho e alimentar os bebês. Uma pesquisa inédita no Brasil, realizada no Ceará, revela que não só essas mulheres venceram as dificuldades da deficiência, como também conseguiram cuidar sozinhas dos seus filhos.

O estudo, em fase final de análise, é da professora e pesquisadora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), enfermeira Márcia Maria Tavares Machado. “As mães foram identificadas em instituições que atendem pessoas cegas e, a partir da técnica de bola de neve, mulheres indicavam outras mães. Responderam ao questionário mães cegas com filhos de zero a dez anos de idade”, disse a pesquisadora da UFC.

Segundo ela, não existe informações oficiais sobre o quantitativo de mães cegas no Estado ou no Brasil e, até a literatura científica fala pouco sobre o assunto. O único dado que conseguiu levantar no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que há 700 pessoas cegas residindo no Município de Fortaleza.

Para ter o perfil das mães cegas, seu dia-a-dia, a pesquisadora da UFC partiu do zero. Participaram da pesquisa 12 mães cegas, com idade média de 30 anos e escolaridade que variou entre o Ensino Fundamental e o nível superior. Sete eram casadas ou viviam com o companheiro.

A pesquisa mostrou que todas as mães cegas amamentaram seus filhos na enfermaria e em casa, após a alta. Metade dos partos foi normal e somente uma teve acompanhante no parto. A maioria entrou sozinha na sala de parto e quando o bebê nasceu foi levada para o berçário. “Os profissionais de saúde acham que as mães cegas não sabem cuidar do bebê e dificultam o acesso dos familiares. A pesquisa mostrou que somente 58,3% das gestantes tiveram acompanhantes na enfermaria”, criticou a professora Márcia Machado.

Com relação às práticas da amamentação, a pesquisa revelou que apenas 50% das mães receberam orientação sobre a técnica durante o parto. O estudo apontou ainda que algumas tiveram dificuldades para amamentar e receberam apoio de familiares e, especialmente, de vizinhos.

A partir do relato das mães cegas, que o pré-natal é geralmente realizado por médicos dos hospitais, onde houve o parto. Apenas duas fizeram o pré-natal na atenção básica. “Observamos que há um despreparo entre os profissionais de saúde em lidar com mães cegas. Essas mulheres necessitam de um suporte maior, desde a gravidez. Espero que essa realidade mude”, conclui.

SEM MEDO

Famílias driblam as dificuldades

Laura de Abreu Freitas, cega de nascença, foi mãe pela primeira vez aos 17 anos. Hoje, aos 25 anos, ela é mãe de Gabriel, de 8 anos e, de Vinícius, de um ano e oito meses. “No começo, tive muito medo, mas minha mãe me ajudou a cuidar do Gabriel nos primeiros 15 dias. Com o segundo, ela ficou somente até cair o umbigo”, relata.

Apesar da segunda gravidez, ela ainda tem dificuldades para ministrar os remédios quando está sozinha. “Quando o Gabriel está em casa, ele me ajuda. Se não tem ninguém, coloco o dedo no copinho do remédio e vou sentindo as gotas até chegar à dosagem do medicamento”, conta Lauras. Essa técnica de dar remédios aos filhos ela aprendeu na prática, mas diz que não serve quando é injeção. “Como o meu marido também é cego, prefiro os remédios em gotas”.

Hoje, ela tem mais problemas para dar banho no filho caçula e, desde o primogênito nunca sentiu dificuldades na hora de cozinhar. “Sempre gostei de cozinhar e para me ajudar nas tarefas em casa, tenho uma diarista”, salientou Laura. Para ela, a maior dificuldade das mães cegas é o preconceito da sociedade.

Contou que no início do casamento, o fato de morar com sua mãe, algumas pessoas achavam que a avó deveria cuidar do seu filho. “Minha mãe nunca concordou e respondia que eu é que tinha de cuidar, pois ela sempre me criou como se eu fosse normal”, frisou.

Para Socorro Campelo Bessa, 35 anos, não há mistérios em cuidar da filha Edvone Maria, de quatro anos. “Amamentei minha filha até dois meses atrás”, diz a mãe cega. Casada com Augusto de Sousa, também cego, ela já faz planos para ter outro filho e de voltar a trabalhar fora de casa.

SUCESSO

50% das mães cegas receberam orientação sobre amamentação durante o pré-natal
16,7% tiveram dificuldades para amamentar após a alta hospitalar
18,2% buscaram ajuda para resolver o problema
66,7% das mães cegas deram à luz a meninas normais
83,3% não trabalham

SUELEM CAMINHA
Repórter

*Laura de Abreu Freitas, de 25 anos, foi mãe pela primeira vez aos 17 anos. Hoje, ela cuida dos dois filhos Gabriel e Vinícius

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*Boris Kipriyanovich

Falando com propriedade sobre as características de Marte, Boris Kipriyanovich afirma ter encarnações passadas naquele planeta e enfatiza a Lei de Amor entre os homens na Terra neste período de transição.

A pluralidade dos mundos habitados é revelação básica, aceita, há 150 anos, pelos seguidores do Espiritismo. Faltam-nos, porém, até o momento, provas mais concretas da existência de vida extraplanetária. E isso não deixa de aguçar a nossa imaginação: como seriam esses outros seres? Que tipo de vida teriam?

Recentemente, um menino russo de apenas 12 anos, que dá entrevistas desde antes dos 7, tem aguçado ainda mais a nossa curiosidade, pois afirma ter tido suas últimas encarnações no planeta Marte. A história pode ter uma conotação fantasiosa, própria de crianças dessa idade, mas as entrevistas feitas com ele por cientistas russos impressionaram tanto que o assunto mereceu destaque no Pravda, um dos jornais de maior circulação da Rússia. Assuntos já conhecidos por todos os que estudam o Espiritismo são referidos, naturalmente, por ele, com riqueza de detalhes: reencarnação, necessidade de amor e perdão, transformação e regeneração planetária, entre outros.

A história de Boris, ou Boriska, como é conhecido, começou a evidenciar-se logo aos 3 anos de idade, quando já nomeava com exatidão os planetas do Sistema Solar e apontava sua localização, bem como falava das galáxias e do Universo em geral. Aos 7 anos, chamou a atenção de pesquisadores ao relatar dados físico-químicos de Marte, bem como a estrutura de naves espaciais, detalhes sobre as civilizações e expedições ao planeta Terra. Revelou ainda dados do grande continente da Lemúria, desaparecido há milhares de anos, tudo com um vocabulário altamente evoluído e técnico, não compatíveis com sua idade. Vale ressaltar que ele nunca ouvira falar de tais assuntos anteriormente. Tal riqueza de informações fez com que os cientistas afirmassem que as histórias contadas por Boriska não são frutos de sua imaginação, mas sim memórias de vidas passadas no planeta Marte, pois muitos dos detalhes transmitidos devem ser pessoalmente conhecidos.

Vida extraplanetária

Sua habilidade intelectual sempre foi superior à de outras crianças de sua idade, porém nada se compara às terminologias utilizadas por ele para falar sobre o cosmos. Boris relatou ainda como costumava viver em Marte, que o planeta era habitável e que sobreviveu a uma catástrofe que modificou a história do planeta e de seus habitantes: a destruição da atmosfera, fazendo com que a vida só continuasse possível em cidades subterrâneas. Nesse período, ele freqüentemente fazia viagens ao planeta Terra, onde realizava pesquisas científicas. Isso na época da antiga Lemúria, onde relata ter presenciado explosões de montanhas que causaram o afundamento do continente nas águas. Conta ainda que um lemuriano, amigo seu, faleceu diante de seus olhos sem que nada pudesse fazer. Ficou, porém, para ambos, a certeza de que se reencontrariam nesta vivência sobre a Terra. E isso é algo reconfortante. Boris ainda explica que nossas sondas espaciais são facilmente destruídas ao se aproximarem de Marte devido aos raios que emitem. Em 1988, esse fato foi alertado pelo russo Yuri Lushnichenko, que tentou avisar os líderes soviéticos do Programa Espacial Russo sobre as possíveis falhas das sondas Phobos 1 e Phobos 2, devido aos raios e às baterias radioativas que seriam estranhos à atmosfera de Marte. Mesmo com a falha das sondas, o governo soviético não deu atenção ao aviso. Essa tática de aproximação, no entanto, deverá ser reavaliada.

Transição

Os cientistas que entrevistaram Boris perguntaram o porquê do surgimento de tantas crianças com inteligência acima da média. O garoto respondeu que decorre das mudanças que acontecerão em breve no planeta, situando-as em 2009 e 2013. Com seus conhecimentos, essas crianças vão ajudar os povos espalhados por toda a Terra a passar pelo período de transição. Lembrou que essas modificações já ocorreram em Marte e não foi tudo destruído como pensamos. Muitas pessoas sobreviveram e recomeçaram suas vidas, apesar das mudanças nos continentes e também na composição da atmosfera. Esses ciclos periódicos de transformações bruscas, pelos quais passam os planetas, fazem parte de reajustes cármicos de seus habitantes e da renovação natural. São regidos, portanto, por forças universais que propiciam a evolução e o aprimoramento da essência das criaturas e da própria Criação Divina. Ressaltou ainda que, nos períodos de transição, é fundamental manter a esperança no futuro e a crença na sobrevivência da alma.

Vale a pena relembrar que os antigos maias já davam por certa a transição em 23/12/2012, data próxima à citada pelo garoto Boris. Devemos lembrar que as profecias maias não foram feitas por pessoas que gostam de catástrofes, mas sim por estudiosos da época que chegaram à conclusão que essa data seria o fim de um ciclo para o nosso planeta. Essa transição, ainda de acordo com as profecias, seria boa ou ruim, dependendo da própria humanidade. Para alguns (os sensíveis e intuitivos) seria ótimo, para outros (os racionais) um grande sofrimento. Não seria o fim do planeta, mas o início de uma Nova Era.

Lemúria, lei do amor e reencarnação

Quanto ao desaparecimento dos habitantes da Lemúria, Boris comentou que os lemurianos não estavam mais se desenvolvendo espiritualmente, haviam se desviado do caminho da luz, e isso acabou por destruir a integridade daquele continente.

Não sabe ainda qual a sua missão na Terra, porém, já descortina o futuro do planeta. O conhecimento será distribuído de acordo com a qualidade e o nível de consciência de cada indivíduo. No que se refere à reencarnação, afirma que se lembra com exatidão de sua vida em Marte, especialmente das guerras que por lá existiram.

Quanto ao período de transição, que ora vivemos, afirma que os novos conhecimentos não serão dados às pessoas mesquinhas ou viciosas como ladrões, alcoólatras e aqueles que não desejam se mudar para melhor. Esses terão que deixar o nosso planeta.

A informação terá um papel preponderante na evolução, porque é um tempo de união e cooperação que se inicia na Terra.

Para Boris, as pessoas sofrem ou são infelizes por não viverem corretamente. Elas precisam ser boas. E conclama: se alguém lhe bater, abrace quem o feriu. Se fazem você sentir-se envergonhado, não espere por desculpas, peça-as você. Se o insultam e humilham, ame-os do jeito que são. Essa é a relação do amor, da humildade e do perdão, que deve ser observada por todos. Amar uns aos outros, essa é a Lei, conclui o garoto que afirma vir de Marte.

O consolo é que existirão sempre médiuns e profetas confiáveis que continuarão a alertar os seres humanos quanto às probabilidades dos acontecimentos futuros. Com isso, nossas mentes vão se abrir para o fato de que a única forma de evitarmos as grandes catástrofes exteriores é eliminando as catástrofes interiores, calcadas em nossos próprios vícios e paixões.

Há na literatura espiritualista profecias e mensagens que apontam para os prováveis rumos que a humanidade tomará em futuro breve. Muitas delas coincidem com as revelações do menino Boriska. Não devemos, todavia, nos ater ao aspecto destrutivo da transição, como nos ensina o garoto, mas ao que ela traz de bom. Como o Espiritismo também enfatiza, devemos nos voltar ao objetivo primordial da existência: a reforma íntima. Através do esforço pessoal na melhoria interior, contribuiremos para a evolução de nossa própria alma e do mundo que habitamos, tendo por base o amor ao próximo.

*Boris Kipriyanovich Boriska nasceu na Rússia em 11 de janeiro de 1996, ele é um jovem adolescente com 12 anos de idade e vem sendo notícia desde muito menino nos vários jornais, revistas e documentários da tv do mundo inteiro. Ele é considerado uma das mais destacadas "indigo-children", ou crianças azuis, uma nova geração de seres humanos dotados de faculdades especiais, com um alto grau de inteligência e surpreendentes conhecimentos sobre o Universo, os Extraterrestres, os Mundos habitados, o passado remoto da Terra, os Mistérios da Antiguidade, e o futuro do Planeta.

http://www.novaera-alvorecer.net/boriska.htm
http://www.youtube.com/watch?v=y7Xcn436tyI

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

ÁRVORES GENEROSAS



A gratidão é uma rara virtude. É comum as pessoas guardarem mágoas por muitos anos de coisas desagradáveis que vivenciaram.

Mas se esquecem, com rapidez, das dádivas que lhes foram ofertadas, ao longo da vida.

Isso nos recorda de uma história simples e fantasiosa, que chegou a ser tema de um filme de curta-metragem, chamado A árvore generosa.

É a história de uma árvore que se apaixona por um garoto.

Moleque, ele se balançava nos seus galhos. Colocou um balanço e imaginava voar, balançando-se sempre mais alto, mais alto.

Subia nela, até o topo, para ver à distância, imaginando que a árvore era um navio e ele estava em alto mar, à busca de terras a serem descobertas.

Na temporada das frutas, ele se servia das maçãs, deliciando-se com elas.

Cansado, dormia à sua sombra. Eram dias felizes e sem preocupações. A árvore gostava muito dessa época.

O menino cresceu e se tornou um rapaz. Agora, por mais que a árvore o convidasse para brincar, ele não ouvia.

Seu interesse era angariar dinheiro, muito dinheiro. A árvore generosa lhe disse, um dia:

Apanhe minhas maçãs e as venda.

O jovem aceitou a sugestão e a árvore ficou feliz.

Por um largo tempo, ela não o viu. Ele se transferiu para outros lugares, viajou, angariou fama e fortuna.

Quando ela o viu, outra vez, sorriu, feliz e o convidou para brincar.

Contudo, ele agora era um homem maduro. Estava cansado do mundo. Preocupações lhe enrugavam a testa.

Tantos eram os problemas que nem ouviu o coração da árvore bater mais forte quando ele se encostou, de corpo inteiro, à sua sombra, para pensar.

Queria sumir, desaparecer, desejando em verdade fugir dos problemas.

A árvore generosa lhe sussurrou aos ouvidos e agora ele ouviu:

Derrube-me ao chão, pegue meu tronco e faça um barco para você. Faça uma viagem, navegando nele.

Ele aceitou a sugestão e a árvore tornou a se sentir feliz.

Muitos anos se passaram. Verões de intenso calor, primaveras de flores, invernos de ventos e noites solitárias.

Finalmente, o homem retornou. Estava velho e cansado demais para brincar, para sair em busca de riqueza ou para navegar pelos mares.

A árvore lhe sugeriu:

Amigo, fui cortada, já não tenho sombra. Sou somente um toco. Que tal sentar e descansar?

O velho aceitou a sugestão e a árvore ficou feliz.

Fazendo uma retrospectiva de nossas vidas, comparando-as com a da árvore e do menino, é possível que nos identifiquemos em alguns pontos.

Quantas árvores generosas tivemos na vida? Quantas nos deram parte delas para que crescêssemos e pudéssemos alcançar nossos objetivos?

Quantas árvores generosas nos sustentaram nas horas difíceis, alimentando-nos com seus recursos?

Foram muitas, muitas mesmo.

Se as fôssemos enumerar todas, talvez não coubessem seus nomes em uma só folha de papel: pais, amigos, irmãos, vizinhos, colegas.

Por isso, essa é uma homenagem de gratidão a todas as árvores generosas dos nossos caminhos. A todos os que foram sustento, abrigo, aconchego, fortaleza....

Obrigado, Senhor da Vida.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Reflexões de Charles R. Swindoll, do livro Histórias para o coração, de Alice Gray, ed. United Press. Extraído do endereço: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=2047&stat=0.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A NATUREZA PEDE SOCORRO




* Rose Tunala



Houve um tempo em que o equilíbrio regia a natureza, as estações eram bem definidas e os seres viviam em harmonia. Isso não quer dizer que tudo sempre tenha sido tudo um paraíso. Havia secas sim, havia períodos de chuvas intensas também, assim como pragas e outras manifestações. Mas a própria natureza se encarregava de estabelecer o equilíbrio e os seres viviam em harmonia com o ambiente, mesmo nas adversidades que cada região oferece por características próprias.

Nossa terra de Vera Cruz, um dia grande e unificada floresta, a cada dia que passa vai se reduzindo a meras manchas verdes nas suas dimensões continentais. O progresso vem se estabelecendo desde que os colonizadores aqui pisaram e perceberam que a terra era mágica, “... aqui, plantando, tudo se colhe...”. Para as grandes lavouras de café e cana-de-açúcar, árvores caiam ao chão sem nenhum critério, como continua acontecendo nos dias de hoje. E grandes extensões de “desertos verdes” foram se formando e deformando nosso solo.

O desmatamento generalizado, erros no manejo agrícola e pecuário do solo, o crescimento desordenado de núcleos urbanos e a concentração forçada do escoamento de águas pluviais tem provocado um catastrófico processo de erosão rural e urbana em várias regiões do país. Nossos terrenos sem árvores não retém as águas da chuva no solo. A lixiviação (perda da camada superficial do solo) é a primeira resposta da natureza, seguida pelas erosões, assoreamento de leitos d’água, enchentes e desertificação.

A falta de perspectivas para o pequeno produtor e a tecnologia de produção expulsa o homem do campo. O êxodo rural causa uma explosão demográfica em nossas cidades. O surgimento de núcleos residenciais sem planejamento com construções sem qualquer estrutura que sobem os morros, invadem matas, restingas, promovem aterros em alagados, escavações irregulares e muitos outros atos impensados. A produção de lixo cresce em níveis alarmantes e grande parte dele vai parar mesmo nos leitos dos rios contribuindo para o assoreamento juntamente com as terras trazidas com as águas de chuva e as provenientes de desbarrancamentos.

Cada dia mais nossa “selva de pedras” se expande, com a escassez de vegetação e o excesso de concreto o solo de nossas cidades não tem como absorver as águas da chuva, o sistema de drenagem de águas pluviais não comporta tanto volume e nossos rios cada dia mais estrangulados e assoreados pelo dito progresso clamando por seu espaço perdido, enfurecido engole tudo que se encontra às suas margens, inclusive casas e seus moradores, causando pânico e desespero em quem é personagem do fado e sentimento de impotência em quem se faz mero expectador da tragédia anunciada.

A engenharia brasileira já produziu diagnósticos e propostas práticas de solução do problema, algumas dessas práticas de ordem até muito simples, porém de extrema competência. Infelizmente ainda está a faltar audácia e vontade política nas esferas públicas e privadas para que tragédias como o “dilúvio no sul” sejam evitadas. O progresso não respeita os limites da natureza, e a natureza em sua soberania responde à insensatez do homem. O que chamamos hoje de tragédias, é um grito, um pedido de socorro da natureza. E enquanto o homem não se reconhecer como integrante da natureza, parte de um todo e passar de “testemunha” a ativista, não haverá solução plausível para os desastres ambientais e sociais.

* Rose Tunala é licenciada em Ciências Biológicas e escritora