sábado, 20 de dezembro de 2008

Mães deficientes visuais cuidam sozinhas dos filhos

*Na foto: Laura de Abreu Freitas
Fotografo: J. LUÍS

O toque, o cheiro, o som e a intuição são as armas secretas das mães cegas na hora de cuidar dos filhos pequenos

A cegueira não impediu que 12 mulheres cearenses com deficiência visual realizassem o sonho da maternidade. Como toda mãe de primeira vez, elas tiveram que aprender a amamentar, dar banho e alimentar os bebês. Uma pesquisa inédita no Brasil, realizada no Ceará, revela que não só essas mulheres venceram as dificuldades da deficiência, como também conseguiram cuidar sozinhas dos seus filhos.

O estudo, em fase final de análise, é da professora e pesquisadora do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), enfermeira Márcia Maria Tavares Machado. “As mães foram identificadas em instituições que atendem pessoas cegas e, a partir da técnica de bola de neve, mulheres indicavam outras mães. Responderam ao questionário mães cegas com filhos de zero a dez anos de idade”, disse a pesquisadora da UFC.

Segundo ela, não existe informações oficiais sobre o quantitativo de mães cegas no Estado ou no Brasil e, até a literatura científica fala pouco sobre o assunto. O único dado que conseguiu levantar no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que há 700 pessoas cegas residindo no Município de Fortaleza.

Para ter o perfil das mães cegas, seu dia-a-dia, a pesquisadora da UFC partiu do zero. Participaram da pesquisa 12 mães cegas, com idade média de 30 anos e escolaridade que variou entre o Ensino Fundamental e o nível superior. Sete eram casadas ou viviam com o companheiro.

A pesquisa mostrou que todas as mães cegas amamentaram seus filhos na enfermaria e em casa, após a alta. Metade dos partos foi normal e somente uma teve acompanhante no parto. A maioria entrou sozinha na sala de parto e quando o bebê nasceu foi levada para o berçário. “Os profissionais de saúde acham que as mães cegas não sabem cuidar do bebê e dificultam o acesso dos familiares. A pesquisa mostrou que somente 58,3% das gestantes tiveram acompanhantes na enfermaria”, criticou a professora Márcia Machado.

Com relação às práticas da amamentação, a pesquisa revelou que apenas 50% das mães receberam orientação sobre a técnica durante o parto. O estudo apontou ainda que algumas tiveram dificuldades para amamentar e receberam apoio de familiares e, especialmente, de vizinhos.

A partir do relato das mães cegas, que o pré-natal é geralmente realizado por médicos dos hospitais, onde houve o parto. Apenas duas fizeram o pré-natal na atenção básica. “Observamos que há um despreparo entre os profissionais de saúde em lidar com mães cegas. Essas mulheres necessitam de um suporte maior, desde a gravidez. Espero que essa realidade mude”, conclui.

SEM MEDO

Famílias driblam as dificuldades

Laura de Abreu Freitas, cega de nascença, foi mãe pela primeira vez aos 17 anos. Hoje, aos 25 anos, ela é mãe de Gabriel, de 8 anos e, de Vinícius, de um ano e oito meses. “No começo, tive muito medo, mas minha mãe me ajudou a cuidar do Gabriel nos primeiros 15 dias. Com o segundo, ela ficou somente até cair o umbigo”, relata.

Apesar da segunda gravidez, ela ainda tem dificuldades para ministrar os remédios quando está sozinha. “Quando o Gabriel está em casa, ele me ajuda. Se não tem ninguém, coloco o dedo no copinho do remédio e vou sentindo as gotas até chegar à dosagem do medicamento”, conta Lauras. Essa técnica de dar remédios aos filhos ela aprendeu na prática, mas diz que não serve quando é injeção. “Como o meu marido também é cego, prefiro os remédios em gotas”.

Hoje, ela tem mais problemas para dar banho no filho caçula e, desde o primogênito nunca sentiu dificuldades na hora de cozinhar. “Sempre gostei de cozinhar e para me ajudar nas tarefas em casa, tenho uma diarista”, salientou Laura. Para ela, a maior dificuldade das mães cegas é o preconceito da sociedade.

Contou que no início do casamento, o fato de morar com sua mãe, algumas pessoas achavam que a avó deveria cuidar do seu filho. “Minha mãe nunca concordou e respondia que eu é que tinha de cuidar, pois ela sempre me criou como se eu fosse normal”, frisou.

Para Socorro Campelo Bessa, 35 anos, não há mistérios em cuidar da filha Edvone Maria, de quatro anos. “Amamentei minha filha até dois meses atrás”, diz a mãe cega. Casada com Augusto de Sousa, também cego, ela já faz planos para ter outro filho e de voltar a trabalhar fora de casa.

SUCESSO

50% das mães cegas receberam orientação sobre amamentação durante o pré-natal
16,7% tiveram dificuldades para amamentar após a alta hospitalar
18,2% buscaram ajuda para resolver o problema
66,7% das mães cegas deram à luz a meninas normais
83,3% não trabalham

SUELEM CAMINHA
Repórter

*Laura de Abreu Freitas, de 25 anos, foi mãe pela primeira vez aos 17 anos. Hoje, ela cuida dos dois filhos Gabriel e Vinícius

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*Boris Kipriyanovich

Falando com propriedade sobre as características de Marte, Boris Kipriyanovich afirma ter encarnações passadas naquele planeta e enfatiza a Lei de Amor entre os homens na Terra neste período de transição.

A pluralidade dos mundos habitados é revelação básica, aceita, há 150 anos, pelos seguidores do Espiritismo. Faltam-nos, porém, até o momento, provas mais concretas da existência de vida extraplanetária. E isso não deixa de aguçar a nossa imaginação: como seriam esses outros seres? Que tipo de vida teriam?

Recentemente, um menino russo de apenas 12 anos, que dá entrevistas desde antes dos 7, tem aguçado ainda mais a nossa curiosidade, pois afirma ter tido suas últimas encarnações no planeta Marte. A história pode ter uma conotação fantasiosa, própria de crianças dessa idade, mas as entrevistas feitas com ele por cientistas russos impressionaram tanto que o assunto mereceu destaque no Pravda, um dos jornais de maior circulação da Rússia. Assuntos já conhecidos por todos os que estudam o Espiritismo são referidos, naturalmente, por ele, com riqueza de detalhes: reencarnação, necessidade de amor e perdão, transformação e regeneração planetária, entre outros.

A história de Boris, ou Boriska, como é conhecido, começou a evidenciar-se logo aos 3 anos de idade, quando já nomeava com exatidão os planetas do Sistema Solar e apontava sua localização, bem como falava das galáxias e do Universo em geral. Aos 7 anos, chamou a atenção de pesquisadores ao relatar dados físico-químicos de Marte, bem como a estrutura de naves espaciais, detalhes sobre as civilizações e expedições ao planeta Terra. Revelou ainda dados do grande continente da Lemúria, desaparecido há milhares de anos, tudo com um vocabulário altamente evoluído e técnico, não compatíveis com sua idade. Vale ressaltar que ele nunca ouvira falar de tais assuntos anteriormente. Tal riqueza de informações fez com que os cientistas afirmassem que as histórias contadas por Boriska não são frutos de sua imaginação, mas sim memórias de vidas passadas no planeta Marte, pois muitos dos detalhes transmitidos devem ser pessoalmente conhecidos.

Vida extraplanetária

Sua habilidade intelectual sempre foi superior à de outras crianças de sua idade, porém nada se compara às terminologias utilizadas por ele para falar sobre o cosmos. Boris relatou ainda como costumava viver em Marte, que o planeta era habitável e que sobreviveu a uma catástrofe que modificou a história do planeta e de seus habitantes: a destruição da atmosfera, fazendo com que a vida só continuasse possível em cidades subterrâneas. Nesse período, ele freqüentemente fazia viagens ao planeta Terra, onde realizava pesquisas científicas. Isso na época da antiga Lemúria, onde relata ter presenciado explosões de montanhas que causaram o afundamento do continente nas águas. Conta ainda que um lemuriano, amigo seu, faleceu diante de seus olhos sem que nada pudesse fazer. Ficou, porém, para ambos, a certeza de que se reencontrariam nesta vivência sobre a Terra. E isso é algo reconfortante. Boris ainda explica que nossas sondas espaciais são facilmente destruídas ao se aproximarem de Marte devido aos raios que emitem. Em 1988, esse fato foi alertado pelo russo Yuri Lushnichenko, que tentou avisar os líderes soviéticos do Programa Espacial Russo sobre as possíveis falhas das sondas Phobos 1 e Phobos 2, devido aos raios e às baterias radioativas que seriam estranhos à atmosfera de Marte. Mesmo com a falha das sondas, o governo soviético não deu atenção ao aviso. Essa tática de aproximação, no entanto, deverá ser reavaliada.

Transição

Os cientistas que entrevistaram Boris perguntaram o porquê do surgimento de tantas crianças com inteligência acima da média. O garoto respondeu que decorre das mudanças que acontecerão em breve no planeta, situando-as em 2009 e 2013. Com seus conhecimentos, essas crianças vão ajudar os povos espalhados por toda a Terra a passar pelo período de transição. Lembrou que essas modificações já ocorreram em Marte e não foi tudo destruído como pensamos. Muitas pessoas sobreviveram e recomeçaram suas vidas, apesar das mudanças nos continentes e também na composição da atmosfera. Esses ciclos periódicos de transformações bruscas, pelos quais passam os planetas, fazem parte de reajustes cármicos de seus habitantes e da renovação natural. São regidos, portanto, por forças universais que propiciam a evolução e o aprimoramento da essência das criaturas e da própria Criação Divina. Ressaltou ainda que, nos períodos de transição, é fundamental manter a esperança no futuro e a crença na sobrevivência da alma.

Vale a pena relembrar que os antigos maias já davam por certa a transição em 23/12/2012, data próxima à citada pelo garoto Boris. Devemos lembrar que as profecias maias não foram feitas por pessoas que gostam de catástrofes, mas sim por estudiosos da época que chegaram à conclusão que essa data seria o fim de um ciclo para o nosso planeta. Essa transição, ainda de acordo com as profecias, seria boa ou ruim, dependendo da própria humanidade. Para alguns (os sensíveis e intuitivos) seria ótimo, para outros (os racionais) um grande sofrimento. Não seria o fim do planeta, mas o início de uma Nova Era.

Lemúria, lei do amor e reencarnação

Quanto ao desaparecimento dos habitantes da Lemúria, Boris comentou que os lemurianos não estavam mais se desenvolvendo espiritualmente, haviam se desviado do caminho da luz, e isso acabou por destruir a integridade daquele continente.

Não sabe ainda qual a sua missão na Terra, porém, já descortina o futuro do planeta. O conhecimento será distribuído de acordo com a qualidade e o nível de consciência de cada indivíduo. No que se refere à reencarnação, afirma que se lembra com exatidão de sua vida em Marte, especialmente das guerras que por lá existiram.

Quanto ao período de transição, que ora vivemos, afirma que os novos conhecimentos não serão dados às pessoas mesquinhas ou viciosas como ladrões, alcoólatras e aqueles que não desejam se mudar para melhor. Esses terão que deixar o nosso planeta.

A informação terá um papel preponderante na evolução, porque é um tempo de união e cooperação que se inicia na Terra.

Para Boris, as pessoas sofrem ou são infelizes por não viverem corretamente. Elas precisam ser boas. E conclama: se alguém lhe bater, abrace quem o feriu. Se fazem você sentir-se envergonhado, não espere por desculpas, peça-as você. Se o insultam e humilham, ame-os do jeito que são. Essa é a relação do amor, da humildade e do perdão, que deve ser observada por todos. Amar uns aos outros, essa é a Lei, conclui o garoto que afirma vir de Marte.

O consolo é que existirão sempre médiuns e profetas confiáveis que continuarão a alertar os seres humanos quanto às probabilidades dos acontecimentos futuros. Com isso, nossas mentes vão se abrir para o fato de que a única forma de evitarmos as grandes catástrofes exteriores é eliminando as catástrofes interiores, calcadas em nossos próprios vícios e paixões.

Há na literatura espiritualista profecias e mensagens que apontam para os prováveis rumos que a humanidade tomará em futuro breve. Muitas delas coincidem com as revelações do menino Boriska. Não devemos, todavia, nos ater ao aspecto destrutivo da transição, como nos ensina o garoto, mas ao que ela traz de bom. Como o Espiritismo também enfatiza, devemos nos voltar ao objetivo primordial da existência: a reforma íntima. Através do esforço pessoal na melhoria interior, contribuiremos para a evolução de nossa própria alma e do mundo que habitamos, tendo por base o amor ao próximo.

*Boris Kipriyanovich Boriska nasceu na Rússia em 11 de janeiro de 1996, ele é um jovem adolescente com 12 anos de idade e vem sendo notícia desde muito menino nos vários jornais, revistas e documentários da tv do mundo inteiro. Ele é considerado uma das mais destacadas "indigo-children", ou crianças azuis, uma nova geração de seres humanos dotados de faculdades especiais, com um alto grau de inteligência e surpreendentes conhecimentos sobre o Universo, os Extraterrestres, os Mundos habitados, o passado remoto da Terra, os Mistérios da Antiguidade, e o futuro do Planeta.

http://www.novaera-alvorecer.net/boriska.htm
http://www.youtube.com/watch?v=y7Xcn436tyI

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

ÁRVORES GENEROSAS



A gratidão é uma rara virtude. É comum as pessoas guardarem mágoas por muitos anos de coisas desagradáveis que vivenciaram.

Mas se esquecem, com rapidez, das dádivas que lhes foram ofertadas, ao longo da vida.

Isso nos recorda de uma história simples e fantasiosa, que chegou a ser tema de um filme de curta-metragem, chamado A árvore generosa.

É a história de uma árvore que se apaixona por um garoto.

Moleque, ele se balançava nos seus galhos. Colocou um balanço e imaginava voar, balançando-se sempre mais alto, mais alto.

Subia nela, até o topo, para ver à distância, imaginando que a árvore era um navio e ele estava em alto mar, à busca de terras a serem descobertas.

Na temporada das frutas, ele se servia das maçãs, deliciando-se com elas.

Cansado, dormia à sua sombra. Eram dias felizes e sem preocupações. A árvore gostava muito dessa época.

O menino cresceu e se tornou um rapaz. Agora, por mais que a árvore o convidasse para brincar, ele não ouvia.

Seu interesse era angariar dinheiro, muito dinheiro. A árvore generosa lhe disse, um dia:

Apanhe minhas maçãs e as venda.

O jovem aceitou a sugestão e a árvore ficou feliz.

Por um largo tempo, ela não o viu. Ele se transferiu para outros lugares, viajou, angariou fama e fortuna.

Quando ela o viu, outra vez, sorriu, feliz e o convidou para brincar.

Contudo, ele agora era um homem maduro. Estava cansado do mundo. Preocupações lhe enrugavam a testa.

Tantos eram os problemas que nem ouviu o coração da árvore bater mais forte quando ele se encostou, de corpo inteiro, à sua sombra, para pensar.

Queria sumir, desaparecer, desejando em verdade fugir dos problemas.

A árvore generosa lhe sussurrou aos ouvidos e agora ele ouviu:

Derrube-me ao chão, pegue meu tronco e faça um barco para você. Faça uma viagem, navegando nele.

Ele aceitou a sugestão e a árvore tornou a se sentir feliz.

Muitos anos se passaram. Verões de intenso calor, primaveras de flores, invernos de ventos e noites solitárias.

Finalmente, o homem retornou. Estava velho e cansado demais para brincar, para sair em busca de riqueza ou para navegar pelos mares.

A árvore lhe sugeriu:

Amigo, fui cortada, já não tenho sombra. Sou somente um toco. Que tal sentar e descansar?

O velho aceitou a sugestão e a árvore ficou feliz.

Fazendo uma retrospectiva de nossas vidas, comparando-as com a da árvore e do menino, é possível que nos identifiquemos em alguns pontos.

Quantas árvores generosas tivemos na vida? Quantas nos deram parte delas para que crescêssemos e pudéssemos alcançar nossos objetivos?

Quantas árvores generosas nos sustentaram nas horas difíceis, alimentando-nos com seus recursos?

Foram muitas, muitas mesmo.

Se as fôssemos enumerar todas, talvez não coubessem seus nomes em uma só folha de papel: pais, amigos, irmãos, vizinhos, colegas.

Por isso, essa é uma homenagem de gratidão a todas as árvores generosas dos nossos caminhos. A todos os que foram sustento, abrigo, aconchego, fortaleza....

Obrigado, Senhor da Vida.

Redação do Momento Espírita, com base no cap. Reflexões de Charles R. Swindoll, do livro Histórias para o coração, de Alice Gray, ed. United Press. Extraído do endereço: http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=2047&stat=0.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

A NATUREZA PEDE SOCORRO




* Rose Tunala



Houve um tempo em que o equilíbrio regia a natureza, as estações eram bem definidas e os seres viviam em harmonia. Isso não quer dizer que tudo sempre tenha sido tudo um paraíso. Havia secas sim, havia períodos de chuvas intensas também, assim como pragas e outras manifestações. Mas a própria natureza se encarregava de estabelecer o equilíbrio e os seres viviam em harmonia com o ambiente, mesmo nas adversidades que cada região oferece por características próprias.

Nossa terra de Vera Cruz, um dia grande e unificada floresta, a cada dia que passa vai se reduzindo a meras manchas verdes nas suas dimensões continentais. O progresso vem se estabelecendo desde que os colonizadores aqui pisaram e perceberam que a terra era mágica, “... aqui, plantando, tudo se colhe...”. Para as grandes lavouras de café e cana-de-açúcar, árvores caiam ao chão sem nenhum critério, como continua acontecendo nos dias de hoje. E grandes extensões de “desertos verdes” foram se formando e deformando nosso solo.

O desmatamento generalizado, erros no manejo agrícola e pecuário do solo, o crescimento desordenado de núcleos urbanos e a concentração forçada do escoamento de águas pluviais tem provocado um catastrófico processo de erosão rural e urbana em várias regiões do país. Nossos terrenos sem árvores não retém as águas da chuva no solo. A lixiviação (perda da camada superficial do solo) é a primeira resposta da natureza, seguida pelas erosões, assoreamento de leitos d’água, enchentes e desertificação.

A falta de perspectivas para o pequeno produtor e a tecnologia de produção expulsa o homem do campo. O êxodo rural causa uma explosão demográfica em nossas cidades. O surgimento de núcleos residenciais sem planejamento com construções sem qualquer estrutura que sobem os morros, invadem matas, restingas, promovem aterros em alagados, escavações irregulares e muitos outros atos impensados. A produção de lixo cresce em níveis alarmantes e grande parte dele vai parar mesmo nos leitos dos rios contribuindo para o assoreamento juntamente com as terras trazidas com as águas de chuva e as provenientes de desbarrancamentos.

Cada dia mais nossa “selva de pedras” se expande, com a escassez de vegetação e o excesso de concreto o solo de nossas cidades não tem como absorver as águas da chuva, o sistema de drenagem de águas pluviais não comporta tanto volume e nossos rios cada dia mais estrangulados e assoreados pelo dito progresso clamando por seu espaço perdido, enfurecido engole tudo que se encontra às suas margens, inclusive casas e seus moradores, causando pânico e desespero em quem é personagem do fado e sentimento de impotência em quem se faz mero expectador da tragédia anunciada.

A engenharia brasileira já produziu diagnósticos e propostas práticas de solução do problema, algumas dessas práticas de ordem até muito simples, porém de extrema competência. Infelizmente ainda está a faltar audácia e vontade política nas esferas públicas e privadas para que tragédias como o “dilúvio no sul” sejam evitadas. O progresso não respeita os limites da natureza, e a natureza em sua soberania responde à insensatez do homem. O que chamamos hoje de tragédias, é um grito, um pedido de socorro da natureza. E enquanto o homem não se reconhecer como integrante da natureza, parte de um todo e passar de “testemunha” a ativista, não haverá solução plausível para os desastres ambientais e sociais.

* Rose Tunala é licenciada em Ciências Biológicas e escritora

domingo, 30 de novembro de 2008

sábado, 29 de novembro de 2008

Ambientalistas Educadores em Prosa


*Júlio Nessin

Que bom que o GAS foi aceito nessa comunidade
Independente de rótulo
Tamanho ou idade...
Que pena que o GAS ainda precise solidificar-se
Esse é o endurecimento da nossa realidade
Que tal se o GAS não fosse mais tão “gás” assim...
E fluísse solidamente em cada coração
E não tão somente na mente do conceito do preconceito e confusão?
Apenas brincando de trovar
Por ventos conventos e trovões
Estivemos num curso em curso que só lá
É o bastante para num instante
Em rezas e orações e condicionantes
Chegarmos a um só lugar.

Agradecemos à equipe do GAMBÁ

*Júlio Nessin Especialista em Gestão Ambiental e Poeta: http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=31253.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Avaliação Estratégica Ambiental

A Avaliação Ambiental Estratégica constitui um processo contínuo de avaliação da qualidade do meio ambiente e das eventuais conseqüências ambientais do desenvolvimento de uma área ou região.

A aplicação efetiva da Avaliação Ambiental Estratégica fornece dados precisos e atualizados para tomadas de decisão que envolve aspectos ambientais e de desenvolvimento, avaliando o envolvimento de agentes sociais relevantes e as alternativas mais sustentáveis.

A avaliação define os procedimentos que devem ser incorporados a políticas públicas, planos e programas governamentais para assegurar a integração efetiva dos aspectos físicos, bióticos, econômicos, sociais e políticos

fonte: http://www.direitoambiental.adv.br/ambiental.qps/Ref/PAIA-6SRJWJ

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

A Declaração dos Direitos Humanos e a Mulher






A luta das mulheres contra a discriminação, a violência e o preconceito ganha, cada vez mais, visibilidade e seguidores em cada canto do mundo. Entretanto, isso chegou ao ponto em que está, graças às mobilizações, aos estudos, às participações em assembléias e movimentos realizados nas escolas, nas universidades e nos sindicatos. Parece até que a mulher ouviu, dentro de suas angústias, o desejo expresso nos textos de grandes poetas e escritores, a exemplo de Clarice Lispector, neste pensamento:

“Pegue para você o que lhe pertence,
e o que lhe pertence é tudo aquilo
que sua vida exige”.

E a vida exige, sim, para a mulher, trabalho e participação; dignidade e respeito...
As diferenças jamais poderão funcionar como desigualdades, numa discriminação de gênero que coloca a mulher numa situação de subalternidade, oriunda de relações sociais que a subjugam a uma condição de elemento inferior ao homem. A mulher deve, por ser de direito, assumir seu espaço na sociedade, ao lado do homem. Não se está fazendo aqui uma apologia do “feminismo” que se contrapõe ao “machismo” de forma, muitas vezes, apaixonada. O que se pretende é que a mulher ocupe o espaço a que tem direito, assim como o homem tem o seu. O que não deve acontecer é que a mulher, no afã de crescer, tenha pretensões de subestimar o valor do homem e sua capacidade à frente de suas tarefas. Que suas diferenças biológicas não sejam empecilho para que ingressem em qualquer trabalho com dignidade e recebam salários justos na mesma proporção aos salários dos homens.
Os direitos das mulheres devem ser assegurados e isso tem sido a bandeira de luta de todas as mulheres trabalhadoras do mundo. A formação de novas consciências, novos valores devem estar presentes nas palestras em associações, sindicatos e universidades, fazendo pulsar em cada instituição o sentimento de solidariedade, respeito, justiça e dignidade na relação entre homens e mulheres.
Consagra-se o dia 10 de dezembro como o “Dia Internacional dos Direitos Humanos”. Foi nessa data, em 1948, que a Organização das Nações Unidas (ONU) adotou a Declaração Universal dos Direitos Humanos, fazendo história no processo de reconstrução dos direitos humanos, claramente desrespeitados. Esse novo tempo foi pautado por um novo paradigma de justiça e dignidade humana. Esse é seu mais valoroso princípio.
Se formos buscar na história da humanidade, não é nova a idéia de os seres humanos buscarem suas liberdades individuais. Mas foi nos meados do século XX que houve uma regulação internacional, em resposta às atrocidades cometidas especialmente na 2ª Guerra Mundial, período negro da nossa história, onde imperou a lógica da destruição e o conceito de pessoas descartáveis, segundo historiadores. Os Direitos Humanos, então, passam a ser protegidos por um efetivo sistema internacional. Há 60 anos da ratificação, em 1948, do texto da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Anistia Internacional (AI), denuncia que muitos artigos presentes nesse texto não são cumpridos. Aliás, isso não é novidade para todos os cidadãos que vêem seus direitos negados e que assistem estarrecidos, a cenas chocantes de violência, de morte nas filas dos hospitais, de despejos de casas, de mulheres serem violentadas pelos próprios cônjuges e tantas outras...
Nesse Ensaio, entretanto, quero dar enfoque à violência de gênero, uma questão secular que ainda não se resolveu, apesar da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
A mulher sofre discriminação, toda vez que lhe restringe ou anula sua capacidade de sentir, pensar, opinar, decidir, com base na igualdade de direitos entre ela e o homem. Os direitos humanos e as liberdades inalienáveis também lhes são negados. Mas a mulher sofre mais a carga de discriminação, mormente no campo político, econômico e civil. Ainda se inclui nessa discriminação, a violência baseada no sexo. A mulher torna-se objeto de desejo e exploração do homem, banalizando sua aparência, seu corpo e machucando seus sentimentos e emoções. Tudo isso vem causar o que se pode chamar de mortificação da alma, pelos danos físico, sexual e psicológico à mulher.
A mulher tem o direito de ser livre, viver livre da violência, praticar sua religião e se manifestar politicamente, como prevê o artigo II da Declaração Universal dos Direitos Humanos:

“Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidas nessa Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou qualquer outra condição”.

“Não te deixas destruir...
Ajuntando novas pedras e
Construindo novos poemas.
Recria tua vida,
Sempre,
Sempre... (Cora Coralina)

Nas palavras da saudosa poetisa Cora Coralina, encontra-se o sentimento de não se deixar entregar, mas se reerguer depois de cada insucesso. Com as pedras do caminho, aprender a viver a vida e encontrar em cada dificuldade a doce esperança de sempre se levantar... Isso faz da vida um recomeço...

O mundo do trabalho foi marcado por grandes mudanças, essencialmente nesse início do século XXI. As novas tecnologias e a globalização revolucionaram as indústrias, as organizações, provocando impactos na economia e na vida do trabalhador e, de modo gritante, na vida das mulheres que se vêem às voltas com jornada dupla de trabalho e, cada vez mais com salários menores.
Sente-se que a inserção feminina no mercado de trabalho foi significativa, ao se constatar que a mulher tem rompido barreiras e, extrapolando os muros das suas casas, chegam às fábricas, ao comércio, aos bancos, aos hospitais, às escolas, às empresas... O trabalho fora do lar está transformando as mulheres em parceiras do homem no orçamento doméstico. E o trabalho que elas assumem tem características variadas pela diversidade de funções que ocupam.
Em nível mundial, as mulheres correspondem à metade da população economicamente ativa. Todavia, há uma triste realidade por trás dessa participação feminina no mercado de trabalho. Nota-se que há uma subordinação ao poder masculino, ocupando-se as mulheres de tarefas menos qualificadas e remuneradas com salários inferiores. É no setor de serviços onde se encontra maior número de mulheres trabalhando. A ascensão a postos mais elevados demanda muito tempo e acontece muito pouco. Essa discriminação de gênero, de acordo com a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio), 1999, os homens receberam 68,7% dos rendimentos em salário no ano de 1998, enquanto as mulheres receberam 31,3%. E as mulheres negras recebem em média a metade do que as brancas recebem, comprovando que a desigualdade tem profundo recorte de gênero e de raça. Esses são dados mais antigos, mas que não mudaram muito a partir daí.
Pelo que foi exposto, vê-se que não se cumpre o que dispõe o artigo XXIII da Declaração Universal dos Direitos Humanos:

Artigo XXIII:
1. Todo ser humano tem direito ao trabalho, à livre escolha de emprego, a condições justas e favoráveis de trabalho e à proteção contra o desemprego.
2. Todo ser humano, sem nenhuma distinção, tem direito a igual remuneração por igual trabalho.
3. Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como a sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social.
4. Todo ser humano tem direito a organizar sindicatos e a eles ingressar para proteção de seus interesses.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem como seu fundamento maior a dignidade da pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus, com prioridade sobre todas as demais criaturas desse mundo.

Mena Azevedo: http://menaazevedo.blogspot.com/

ALERTA MÁXIMO


* Rose Tunala

A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê em seus critérios que o índice de focos tolerado do mosquito Aedes aegypti é de 1%. Isto significa que, se em uma cidade for detectado entre 1 e 3,9 focos do mosquito em um grupo de 100 residências, considerar-se-á que a cidade se encontra em estado de alerta de risco de epidemia de dengue. Se esse índice for superior a 4, o município se enquadra nos termos de risco imediato de um surto da doença.
O Ministério da Saúde divulgou no último dia 20 o resultado do Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa). Os dados mostram que, no Brasil, 71 cidades, dentre elas 14 capitais estão em estado de alerta para uma epidemia, e, 4 cidades se encontram com índices que determinam risco eminente de um surto de dengue. Esses municípios são: Mossoró (RN), Itabuna (BA), Epitaciolândia (AC) e Várzea Grande (MT).
Vale lembrar que esses dados foram avaliados por amostragem. Neste ano, 161 municípios de todo o país participaram do levantamento. Os critérios para a seleção desses municípios foram: capitais e municípios de regiões metropolitanas, municípios com mais de 100 mil habitantes, municípios com fluxo de turistas e municípios de fronteira. No Espírito Santo, dos 78 municípios somente 7 fizeram parte desse estudo, dentre os quais 4 se encontram em estado de alerta.
No mês de abril, só na cidade do Rio de Janeiro, surgiam 1000 novos casos de dengue por dia. As Forças Armadas entraram em ação com tendas-hospitais montadas em praças públicas, foi realizada uma verdadeira operação de guerra contra a dengue. Hospitais superlotados, corredores faziam a vez de quartos, e sofrimento, pânico e desolamento era tudo que se via no semblante das pessoas. Até 15 de outubro foram notificados 250 mil casos da doença e 181 mortes no Rio.
As pessoas sofrem ou vêem o sofrimento ao seu lado, vivem momentos de verdadeiro horror, mas parece que nem todos aprendem a lição. Mais da metade dos focos de criadouros do mosquito Aedes aegypti são encontrados ainda nas residências em depósitos de água como vasos, pratos, bromélias, ralos, garrafas, calhas entupidas, lajes, piscinas, caixas d’água e lixos sólidos encontrados em seus quintais.
Podemos considerar isso como puro descaso com a própria vida e com a vida de seus familiares e vizinhos, uma vez que nessas mesmas residências onde são encontrados focos, raramente não se encontra alguém que viveu o drama e já fez parte das estatísticas da dengue. Quando se fala em dengue, não cabe a máxima que diz: “Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar”. Se você já foi vítima da dengue, permanece candidato em potencial para reincidência, e o que é pior, pode ser em uma versão mais grave da doença, inclusive a hemorrágica, que geralmente é fatal. Nesse sábado, 22 de novembro, tivemos o dia “D” de combate à dengue, onde União, Estados e Municípios se uniram à força da sociedade organizada para a guerra contra o mosquito Aedes aegypti. Porém essas ações terão seu valor reduzido ao passo que você cidadão não contribuir com a sua parte tomando os devidos cuidados, no dia-a-dia, dentro de sua própria residência, para que não se criem focos do mosquito e, também, facilitando o trabalho dos agentes da Sucam, permitindo as visitas em sua casa.

* Rose Tunala é licenciada em Ciências Biológicas e escritora

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

PLURALIDADE, IGUALDADE E UNIDADE DO SER¹

²Júlio Nessin

Quero falar à humanidade sobre a sua maravilha de ser um ser plural na a riqueza cultural de seus povos, de seus ritmos; de suas formas variavelmente distintas e impares; e de suas cores, tons e gestos.

Mas também quero gritar pela igualdade no direito do ser e de viver humanamente... E no silêncio harmônico do aparente caos dos UNIVERSOS, quero refletir e contemplar a unidade da vida: desde o movimento dos átomos, ao estado estático-dinâmico do pensamento do Espírito.
Somos um na pluralidade de tudo, temos a mesma origem e somos constituídos dos mesmos elementos básicos da vida...

Biológica, psíquica e espiritualmente, necessitamos das mesmas coisas para nos mantermos vivos e capazes.
Revestidos de formas diferentes, somos todos essencialmente iguais e unidos somos apenas um.
A nossa pluralidade é a beleza da composição harmônica de cores e formas, criada e desenvolvida pelo absoluto ARTISTA do universo...
O preto, o branco, o amarelo e o índio, são variações tonais que dinamizam a obra-de-arte da vida, regido por Esta Inteligência Cósmica. E nós que somos uma parte modesta deste magnífico sistema, denominamo-nos de seres “inteligentes'” e causamos as mais absurdas burrices que a razão pode conceber: ignoramos-nos, dividimos-nos e destruímos-nos: Somos uns boçais!

Partindo desta reflexão, somos forçados a nos libertamos do jugo da imbecilidade formada de preconceitos. Neste momento eu conclamo a todos, homens e mulheres: Apartai-vos urgentemente da mediocridade do racismo, da guerra santa, da discriminação sexual, social, econômica ou cultural; apartai-vos da violência ao seu próximo e consequentemente da violência a si próprio.

Somos todos irmãos, frutos da mesma árvore, temos os mesmos direitos e é de direito respeitarmos esta Lei!... Reflitamos sobre isso... Somos UM no TODO universal!
Viva a riqueza plural e a igualdade substancial da unidade divina da vida!... O amor.

Amemo-nos!


¹Discurso de posse na “Comissão Executiva de Reflexão ao Centenário da Abolição da Escravatura no Brasil” - Reitoria da Universidade Federal da Bahia – UFBA. Salvador, maio de 1988.

Júlio Nessin
Publicado no Recanto das Letras em 14/11/2007
Código do texto: T736665
http://recantodasletras.uol.com.br/discursos/736665


²Júlio Nessin: Licenciado em Educação Artística com Habilitação em Desenho, Especialista em Gestão Ambiental e Poeta.

África do Sul presta última homenagem a Miriam Makeba



Milhares de pessoas prestaram neste sábado na África do Sul a última homenagem à lendária voz do continente africano e símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul, Miriam Makeba, falecida na segunda-feira na Itália.

O ato público em uma sala de concertos de Johannesburgo reuniu alguns dos mais famosos músicos e artistas da África dos Sul, assim como políticos, que com música e poesia saudaram a memória da cantora conhecida como "Mama África".

Miriam Makeba faleceu aos 76 anos vítima de uma parada cardíaca depois de participar na noite de domingo no sul da Itália em uma apresentação de apoio a Roberto Saviano, o escritor italiano ameaçado de morte pela Camorra por seu livro "Gomorra', sobre a máfia napolitana.

Obrigada a deixar o país pelo regime do apartheid após sua participação em um filme que denunciava a segregação branca na África do Sul, Makeba viveu 31 anos no exílio, principalmente nos Estados Unidos e Guiné. Conhecida como "Mama África", a artista retornou à África do Sul no início dos anos 90, depois da libertação de Nelson Mandela.

"Ao morrer, estava fazenddo o que melhor sabia fazer. Nas palavras dela mesmo, amava a música acima de tudo, e sempre ficava feliz quando estava no palco cantando", disse o ministro da Cultura, Pallo Jordan.

O ministro elogiou Makeba como "uma mulher cujo nome se tornou sinônimo da luta mundial pela liberdade na África do Sul".

Miriam Makeba nasceu em 4 de março de 1932 em Johannesburgo. Ela começou a cantar nos anos 50 com o grupo "Manhattan Brothers" e em 1956 compôs "Pata, Pata", a canção que seria seu maior sucesso.

A cantora viu seu país mudar com a chegada ao poder, em 1947, dos nacionalistas africaners. Aos 27 anos deixou a África do Sul pela carreira e teve a entrada proibida no país pelo compromisso com a luta antiapartheid, incluindo a participação no filme "Come back, Africa".

O exílio durou 31 anos, em diversos países. A cantora fazia muito sucesso, mas seu casamento em 1969 com o líder dos Panteras Negras Stokely Carmichael, do qual se separou em 1973, não agradou as autoridades americanas, que a forçaram a emigrar para Guiné.

Depois da morte da filha hija única em 1985, voltou a viver na Europa, mas em 1990 Nelson Mandela a convenceu a retornar para a África do Sul.


terça-feira, 18 de novembro de 2008

Quem é o “irracional”?...


“O homem é um animal irracional, exatamente como os outros. A única diferença é que os outros são animais irracionais simples, o homem é um animal irracional complexo”. Fernando Pessoa² - Reflexões Sobre o Homem.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

DE PROBLEMA À SOLUÇÃO


* Rose Tunala

Imagine você, com esse calor, em frente ao mar, à beira da piscina ou em algum outro lugar qualquer saboreando aquela maravilhosa água de coco. Pense agora quantos anos uma casca do coco verde leva para se decompor na natureza. Imagina-se que por se tratar de um vegetal que seja exagero perguntar quantos “anos”, mas acertou quem pensou em aproximadamente oito anos. Fato esse que foi sempre tido um grande problema quanto ao destino a ser dado às cascas de coco, devido ao enorme impacto ambiental gerado.
Para o ano de 2005, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estimou uma produção em torno de dois bilhões de frutos no território brasileiro o que deve ter gerado em torno de 600 mil toneladas de cascas de coco. Como a produção de coco no Brasil é crescente em níveis significativos, impulsionado principalmente pela demanda exigida com o aumento do número de fábricas envasadoras de águas de coco, podemos hoje vislumbrar números bem superiores aos citados acima.
Na mesma proporção da produção crescem também as preocupações com o destino adequado a ser dado às cascas de coco, quando uma grande parcela vai parar nos aterros sanitários, mares e rios causando transtornos ecológicos. Porém a longa duração da fibra de coco que era o problema outrora, hoje já está sendo visto por muitos como solução. As cascas de coco desfibradas ou trituradas geram uma matéria prima excelente para a fabricação de um grande número de produtos. A partir de suas fibras podem ser produzidos vasos tipo xaxim, substratos para agricultura, mantas para jardim, cordas, isolantes térmicos, estofados e outros tantos.
Podemos ressaltar para a fibra do coco uma importância especial ao substituir o Xaxim (Dicksonia sellowiana) o feto arborescente, da família das dicksoniáceas, nativo da Mata Atlântica e América Central. Devido à extração desenfreada do cáudice para produção de vasos e substratos, a espécie está ameaçada de extinção e sua extração está proibida em todo o Brasil. Os produtos fabricados com fibras de coco são ecologicamente corretos, uma vez que além de resolverem o problema dos resíduos gerados, contribuem para que o xaxim seja salvo da extinção e é 100% natural e nacional.
A situação estaria em perfeita harmonia, se a maioria das fábricas que utilizam as fibras de coco não fossem tão carentes de tecnologia e incentivos fiscais e sociais. Os equipamentos utilizados para o beneficiamento ainda são rudimentares, fato que eleva o custo e reduz a capacidade de produção. Contamos com muitos estudos que estão em andamento, projetos desenvolvidos por universidades e ongs, assim como profissionais competentes e comprometido com a causa. Atitudes que podem melhorar em muito a situação da reciclagem da casca de coco.
Levando em consideração a excelente matéria prima gerada pela casca de coco, os impactos gerados pelo não reciclagem e o fato de que o Brasil é o quarto maior produtor mundial de coco, espera-se que órgãos competentes (governos, ongs e sociedade em geral) dêem a devida importância ao fato, destinando verbas para pesquisas na área e estimulando empresários a investirem no ramo, viabilizando a aquisição de equipamentos e qualificação de profissionais, assim como concedendo incentivos fiscais.


Rose Tunala é licenciada em Ciências Biológicas e escritora
Recanto das Letras: http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=30803

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Educação e Desenvolvimento Sustentável


¹Júlio Nessin

“O homem é um animal irracional, exatamente como os outros. A única diferença é que os outros são animais irracionais simples, o homem é um animal irracional complexo”. Fernando Pessoa² - Reflexões Sobre o Homem.

Para entendermos a identidade destruidora do homem, ou aquilo que denominamos irracionalidade, será preciso reconceituarmos o termo “animal irracional”, considerando que se tal conceito aplica-se ao homem tem conotação distinta àquela que se concebe ao tratarmos dos outros animais.

Relativamente ao homem, o adjetivo é, sem dúvida, pejorativo, uma vez que remete à agressividade humana para com natureza, do homem para com o outro homem e do homem para consigo mesmo. É óbvio que tais ações são tipicamente humanas, justificando perfeitamente o conceito “animal irracional”, e que é totalmente diferente da ferocidade dum predador numa cadeia ecossistêmica, no fenômeno natural da sobrevivência das espécies, pois, a cena da batalha dum predador numa caça, para se alimentar, jamais poderá ser descrita como um assassinato, e sim, como ação e reação biofísica de forças que se atraem e se repelem no processo vital desse organismo que compõe a biosfera.

Por outro lado, a ação predadora da irracionalidade humana é cruel e assassina, pois é “racionalmente” concebida e chega a ser imbecil, por ser auto-destruidora. Esse “homem-irracional” caça inescrupulosamente por ganância, orgulho e poder, de forma premeditada, portanto, nominalmente “racionalizada”, enquanto que o animal irracional propriamente dito luta pela sua sobrevivência, tendo como resultante a sobreexistência das espécies que povoam cada ecossistema, mantendo o equilíbrio e a sustentabilidade do sistema como um todo.

A sustentabilidade é tema prioritário neste século, pois a corrida pelo desenvolvimento está levando o homem a se tornar a espécie ameaçadora da existência de todas as outras, inclusive da sua própria.

A luta deve ser pela busca de tentar alinhar desenvolvimento com sustentabilidade, sendo necessária, para isto, a tomada de consciência da real posição no processo desencadeado pelo ser humano, a caminho dessa autodestruição. A conscientização, por sua vez, tem que ser urgentemente instigada pelos pesquisadores das diversas áreas do conhecimento e difundida pelas instituições de ensino, do fundamental ao superior, utilizando-se de todos os meios de comunicação de massa e articulando-se com todas as organizações dos diversos segmentos da sociedade, ou seja: é preciso fazer um “levante” considerando uma nova ordem em beneficio da preservação da vida, pois a educação e desenvolvimento sustentável equivalem ao norteamento pragmático dessa “pseudo-ordem” política, econômica e social, que viaja aceleradamente a caminho do caos.


¹Júlio Nessin: Licenciado em Educação Artística com Habilitação em Desenho, Especialista em Gestão Ambiental e Poeta
²Fernando Pessoa, in 'Reflexões Sobre o Homem - Textos de 1926-1928'

EDUCAÇÃO E CIDADANIA


*Mena Azevedo


Vivemos hoje num cenário de mudanças velozes. A globalização nos coloca num mundo sem fronteiras e, como tal, não podemos estar desconectados de tudo o que acontece ao nosso redor. Isso não foge aos problemas vividos a cada dia na escola. Mais do que nunca, há uma preocupação na relação entre a escola e a realidade sociocultural dos nossos alunos, até para poder entendê-los, entender toda essa problemática chamada indisciplina. Esse é um fenômeno com o qual um grande número de professores tem dificuldade em lidar.
A Educação para o século XXI, segundo perspectivas da UNESCO traz a paz como fio condutor do mundo para a educação do futuro. Nessas perspectivas aparecem claras as novas posturas que educadores e educadoras devem adotar, como sejam: “cultivar a tolerância, o convívio com a diferença, a transigência como pressuposto e a negociação como instrumento do trabalho” em sala de aula para se chegar a um entendimento sobre os aspectos educacionais a serem observados, dentre eles educação e cidadania.
Mas o que é cidadania? De modo geral, a idéia de cidadania, hoje muito desgastada, é apresentada apenas como a de ter direitos, uma característica que não parece suficiente.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem promulgada em 1948 já previa a violação dos direitos humanos, quando se constatava que muitas famílias não tinham direito à moradia, à saúde e à educação, dentre outros direitos negados, como o de reivindicar, de denunciar injustiças.
Não se deve limitar a idéia de cidadania a ter direitos. Vai mais além. A cidadania não deve ser entendida como uma simples inserção social, no atendimento aos direitos, mas deve-se incorporar à idéia de se cumprir deveres. Nenhum cidadão é apenas cidadão de direitos, mas cidadãos de direitos e deveres.
Como falar em cidadania para crianças de escolas de periferia, em que a maioria delas é oriunda de lares despedaçados? Como falar em cidadania quando se vêem alunos mal alimentados, cuja única refeição que recebem por dia é a merenda escolar? Como falar em cidadania para esses alunos que já se acostumaram a presenciar a cena do despejo, porque seus pais não pagaram o aluguel das casas onde moram? Como falar em cidadania para filhos de pais que viram algum membro da família morrer nos corredores de hospitais públicos? Como falar em cidadania nas instituições escolares para alunos que estudam em escolas deterioradas pelo tempo, sem mobiliário adequado e outras condições pedagógicas? Como falar em cidadania na escola, se até os professores não são respeitados como profissionais, porque lhes negam um salário digno e condições de trabalho favoráveis ao desenvolvimento das atividades pedagógicas?
Poder-se-ia falar aqui de um grande número de situações que envolvem o desrespeito à vida, quando se desrespeita os direitos fundamentais do homem.
E foi refletindo sobre essa problemática, que chegamos a uma escola para fazer uma visita aos alunos e professores. Estavam desenvolvendo o Projeto “Resgate da Cidadania”. No momento em que os parabenizamos pelo trabalho, um aluno levantou-se com a seguinte pergunta:
- Professora, estamos desenvolvendo nesta semana o projeto “Resgate da Cidadania”.
Fizemos uma pesquisa de campo e pudemos fazer nossa leitura sobre a
realidade social desses lugares e encontramos os excluídos, os oprimidos, os sem-nada, os indefesos e injustiçados pelos governos. Essas pessoas estão exercendo a sua cidadania?
- Não. Respondemos de uma forma bem segura. Estar em gozo da cidadania é ter vida digna, vida de gente. É poder gozar de todos os direitos humanos que são direitos de todos. É ter moradia, ter educação e saúde de qualidade, ter lazer, ter liberdade para decidir o que é melhor para sua vida, além de outros elementos que definem o ser e o estar no mundo.
Meu caro leitor, os alunos dessa escola continuaram com outras perguntas que surpreenderam a todos nós, por envolver aspectos relevantes da condição humana. Falaram em solidariedade, em direitos civis, sociais e políticos. Abordaram os problemas que eles vivenciam na própria escola onde estudam, nas famílias onde nasceram, no bairro onde vivem, na cidade onde moram.
Com essas colocações, percebi que estava ali um terreno propício para ajudá-los a levar avante seu Projeto “Resgate da Cidadania”, já que entendemos que a cidadania passa pelo cuidado com as pessoas e com a educação como prioridade maior. E, refletindo melhor essa problemática, em tudo isso não basta elaborar leis, nem fornecer os meios materiais... Há necessidade de introduzir em cada ação, uma dose bem grande de amor, condição “sine qua non” para alcançarmos nossos objetivos.
E foi assim, com olhos bem vivos, ouvidos atentos e mente aberta que nos despedimos dos alunos e professores dessa escola.

*Mena Azevedo - Graduada em Letras, Pós-graduada em: Docência Superior; Administração de Sistemas Municipais de Ensino; Literatura Brasileira e Portuguesa; Membro efetivo da Academia de Letras e Artes de Brumado - ALAB, pela qual tem livro publicado: “Pelos Vieses da Educação” e poeta.

O Homem é um Animal Irracional


*Fernando Pessoa


1. O homem é um animal irracional, exactamente como os outros. A única diferença é que os outros são animais irracionais simples, o homem é um animal irracional complexo. É esta a conclusão que nos leva a psicologia científica, no seu estado actual de desenvolvimento. O subconsciente, inconsciente, é que dirige e impera, no homem como no animal. A consciência, a razão, o raciocínio são meros espelhos. O homem tem apenas um espelho mais polido que os animais que lhe são inferiores.

2. Sendo assim, toda a vida social procede de irracionalismos vários, sendo absolutamente impossível (excepto no cérebro dos loucos e dos idiotas) a ideia de uma sociedade racionalmente organizada, ou justiceiramente organizada, ou, até, bem organizada.

3. A única coisa superior que o homem pode conseguir é um disfarce do instinto, ou seja o domínio do instinto por meio de instinto reputado superior. Esse instinto é o instinto estético. Toda a verdadeira política e toda a verdadeira vida social superior é uma simples questão de senso estético, ou de bom gosto.
4. A humanidade, ou qualquer nação, divide-se em três classes sociais verdadeiras: os criadores de arte; os apreciadores de arte; e a plebe. As épocas maiores da humanidade são aquelas em que sobressaem os criadores de arte, mas não se sabe como se realizam essas épocas, porque ninguém sabe como se produzem homens de génio.

5. Toda a vida e história da humanidade é uma coisa, no fundo, inteiramente fútil, não se percebe para que há, e só se percebe que tem que haver.

6. A plebe só pode compreender a civilização material. Julgar que ter automóvel é ser feliz é o sinal distintivo do plebeu.

O homem não sabe mais que os outros animais; sabe menos. Eles sabem o que precisam saber. Nós não.

*Fernando Pessoa, in 'Reflexões Sobre o Homem - Textos de 1926-1928'
Escritor português
13/06/1888, Lisboa (Portugal)
30/11/1935, Lisboa (Portugal)

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

SOLIDARIEDADE


*Marlei Alvarenga e Silva

Você sabe o que quer dizer essa palavra que soa tão leve, mas que se mostra forte?
Entre tantas traduções achei importante citar o sentido moral que vincula o individuo à vida, aos interesses e às responsabilidades dum grupo social, duma nação ou da própria humanidade.
A vida traz responsabilidades nem sempre aceitas pelo homem.
O universo oferece sonhos, consumos, prazeres, facilidades de aceitação garantidas.
Com isso, percebo o quanto o mundo precisa urgentemente de pessoas solidárias.
O sol que existe nessa palavra, tem que brilhar pra todos igualmente.
Somos prova do amor de Deus.
Na prática, não é o que acontece. Pois até o sol é tirado de algumas pessoas, quando lhes roubam a vida.
Estatutos dizem de direitos e deveres. Mas quem os aplica?
Qual é o interesse de homem em deixar, velhos, mulheres, crianças, morrerem de fome?
Por que uma pessoa acumula fortunas, sem notar o mendigo que dorme ao relento sobre um jornal?
Indústrias farmacêuticas manipulando as descobertas de cura com o interesse de aumentar seus ganhos na venda de remédios.
Negros ainda em trabalho escravo, sendo discriminado, o branco não lhe estende a mão.
Cor contagia?
Quem exerce a solidariedade, tem o sol brilhante na alma, é forte, sólido.
Não sucumbi à interesses mesquinhos.
Me dê a mão !!!! Aos poucos nosso grupo pode crescer, e nessa batalha, podemos não vencer a guerra, mas nos fortaleceremos ainda mais.
Façamos nossa parte, buscando a verdade, orientação, procurando sempre reconhecer os erros, assimilando os golpes.
Não fujamos dos compromissos difíceis.
Compartilhe a vivência do outro, entregue-se à bondade, chore, se emocione com um gesto de carinho, um abraço, desarme o coração.
Estenda sua mão.
Ela pode ser pequena, mas aos olhos de quem precisa, ela pode ter o tamanho do abismo e resgatar quem está no mais profundo dele.
Vamos à luta !!!!!!!!!!!!!!

Angélica Brio

Publicado no Recanto das Letras em 23/10/2008
Código do texto: T 1254721

*Marlei Alvarenga e Silva, poeta do "Recanto das Letras" com o pseudônimo de Angélica Brio: http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1254721

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Água

A água constitui um elemento essencial à vida, devendo chegar com qualidade e quantidade adequadas para atender às suas necessidades. O homem, além de utilizar a água para o desempenho de suas atividades enquanto ser vivo – higiene pessoal e ambiental, lavagem de utensílios, cocção, entre outros – faz uso da água especialmente como elemento de desenvolvimento econômico (em, por exemplo, processos industriais de transformação e fabricação, como veículo de transporte, solvente, refrigerante e insumo incorporado).
De acordo com dados do International Hydrological Programme da UNESCO sobre recursos hídricos, o volume total de água no planeta é calculado em torno de 1,4 bilhões km³. Porém, 97,5% dessa água é salgada, e está basicamente nos mares e oceanos. A água doce, que só representa 2,5% do total, está em sua maior parte nas calotas polares, estando apenas 0,3% desta disponível e de fácil acesso em lagos, rios e lençóis subterrâneos pouco profundos.
O crescimento populacional constante e o desenvolvimento das atividades humanas, com distribuições quase sempre não homogêneas espacialmente, e a disposição de água também irregular, contribuem para o aumento de pressão sobre os mananciais existentes.
Desta forma, a escassez de água no planeta torna-se evidente como uma preocupação mundial. Hoje, está ficando cada vez mais difícil encontrar água de qualidade. Isso devido à poluição de rios, represas e do solo, decorrente da própria ocupação e atividade humana.

http://www.pura.poli.usp.br/index.html

Um Tombo, Uma Lição


*Lorena Mossa

Hoje, quero compartilhar um tombo. Ahhhh, eu e meus tombos...

Lembro-me do último ao pé do pão de açúcar, em boas companhias e com dois carros estacionados que conseguiram amortecer minha queda. Assistir 1,71 elevado ao SALTO, se esborrachando no chão deve ser um ótimo estímulo para liberação da serotonina...

Mas caindo, temos de nos levantar, querendo ou não,temos de nos levantar. E quanto mais caímos, quanto mais nos levantamos, essa é a lógica.

No entanto, em todas as quedas existem os aprendizados, vejamos meu exemplo que, ao longo do meu desenvolvimento caí inúmeras vezes, sempre me levantando, a diferença consiste no Know-how adquirido, hoje eu me levanto tão rápido quanto caio, é a evolução natural, como a própria evolução de nossas vidas.

Ontem foi meu último tombo, ou seja, foi uma queda espetacular(o último sempre é melhor, ou pior,depende de que cai).

Não havia nada ao meu redor para que pudesse me apoiar, como no caso de cima. E ainda assim, sem nenhum apoio, a queda foi maravilhosa, meus cd's se desmembraram de sua proteção, as próprias proteções se desmembraram, transformando-se em várias peças que me levou a recolher uma por uma, o mais rápido que podia, pois estava a caminho de uma pizza, e esse era o meu maior objetivo, degustar uma deliciosa pizza.

Recolhendo meus pertences e ouvindo uma vozinha comovida e chorona chamando"mamãããããããe", fui amparada por um amigo anônimo que imediatamente pegou meu livrinho, que tinha voado para longe, ajudou-me a levantar, passando o para minhas mãos, coincidências a parte o título do livro é: "Levanta-te e Anda" de Cenyra Pinto...

Minha felicidade era tamanha pois naquele momento parecia que nada me abatia, nem a dor no joelho nem a torção do tornozelo...
O universo trabalhava a meu favor...

-Essa é uma passagem da minha vida, muito fresca, aconteceu ontem...

Na verdade, quero lhes dizer o que podemos trazer para o nosso dia-dia com um tombo.

Cada vez que você se sentir caído, desanimado, desamparado, lembre-se desse ocorrido.

Seja rápido e reaja, não deixe que nada venha abater você e sua vida.

Levanta-te quantas vezes for preciso, e cada vez que tu te levantares, mais fortalecidos estarás...

Lembre-se também do amparo, embora ao cair estivesse sem apoio para me segurar, fui amparada ao me levantar, e tu estás amparado o tempo todo.

Lembrem-se sempre: Levanta-te e anda, levanta-te e segue...
Nunca desanimes, mesmo nos momentos em que te sentires mais abandonado e só, sempre haverá uma mão caridosa, um ombro amigo e um colo acolhedor a te amparar...Fiquem com Deus e que ele os abençoe sempre.
Com Amor,

L~^(09/09/08)

Lorena Mossa
Publicado no Recanto das Letras em 12/10/2008
Código do texto: T1225220
http://recantodasletras.uol.com.br/mensagens/1225220

*Lorena Mossa
http://lorenamossa.blogspot.com/

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Pedido de demissão - autor desconhecido


Venho através desta, apresentar oficialmente meu pedido de demissão da categoria dos adultos.
Resolvi que quero voltar a ter as responsabilidades e as idéias de uma criança de 8 anos no máximo
Quero acreditar que o mundo é justo e que todas as pessoas são honestas e boas
Quero acreditar que tudo é possível
Quero que as complexidades da vida passem despercebidas por mim, e quero ficar encantado, Demita-se, você também dessa sua vida chata de adulto,
com as pequenas maravilhas deste mundo...
Quero de volta uma vida simples e sem complicações
Cansei dos dias cheios de computadores que falham,montanha de papeladas, notícias deprimentes, contas a pagar, fofocas, doenças e,
Não quero mais, ter que inventar jeitos para fazer o dinheiro chegar até o dia do próximo pagamento.
Necessidade de atribuir um valor monetário a tudo o que existe!!!!!!!!!
Não quero mais ser obrigado a dizer adeus às pessoas queridas e, com elas, a uma parte da minha vida!
Quero ter a certeza de que DEUS está no céu, e de que por isso tudo está direitinho neste mundo...
Quero achar que chicletes e picolés são as melhores coisas da vida!
Quero ficar feliz quando, amadurecer o primeiro caju, a primeira manga ou,quando a jabuticabeira ficar pretinha de frutas
Quero poder passar as tardes de verão, numa bela praia, construindo castelos na areia, e dividindo-os com meus amigos...
Quero que as maiores competições que eu tenha de entrar sejam um jogo de bola de gude, ou uma pelada...
Quero voltar ao tempo em que tudo o que eu sabia, era o nome das cores, a tabuada, as cantigas de roda, a “Batatinha quando nasce...” e a “Ave Maria...”,
e que isso não me incomodava nadinha, porque eu não tinha a menor idéia de quantas coisas eu ainda não sabia.
Quero viajar ao redor do mundo, num barquinho de papel que vou navegar numa poça deixada pela chuva.
Quero jogar pedrinhas na água,e ter tempo para olhar as ondas que elas formam.
Quero achar que as moedas de chocolate são melhores do que as de verdade, porque podemos comê-las e, ficar com a cara toda lambuzada.
Quero achar que chicletes e picolés são as melhores coisas da vida!
Quero poder passar as tardes de verão, numa bela praia, construindo castelos na areia, e dividindo-os com meus amigos...
Quero ficar feliz quando, amadurecer o primeiro caju, a primeira manga ou,quando a jabuticabeira ficar pretinha de frutas
Quero voltar ao tempo em que se era feliz, simplesmente porque se vivia na bendita ignorância da existência de coisas que podiam nos preocupar ou aborrecer...
Quero poder acreditar no poder dos sorrisos, dos agrados, das palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz, dos sonhos, da imaginação, dos castelos no ar e na areia.
Quero estar convencido, de que tudo isso...
Vale muito mais do que o dinheiro!
A Partir de hoje, isto é com vocês, porque eu estou me demitindo da vida de adulto.
Agora, se você quiser discutir a questão, vai ter de me pegar...
PORQUE O PEGADOR ESTÁ COM VOCÊ!!!
E para sair do pegador só tem um jeito:
Demita-se, você também dessa sua vida chata de adulto,
Não tenha medo de ser feliz!...

Colaboração de Solange Bello

Sustentabilidade


*Jaime Lerner

Não basta entusiasmo, é necessário ter conhecimento...

Hoje, vivemos num mundo entusiasta da sustentabilidade, mas falta informação. E isso só mudará com ações importantes, entre elas ensinar as crianças a desenvolver o senso de responsabilidade em relação à sustentabilidade


O termo sustentabilidade se tornou objeto de desejo de muitos. Porém, nem todos aplicam o seu conceito na íntegra ou de forma correta. Em muitas das reuniões de que participei mundo afora encontrei os mais diversos absurdos, como nos Estados Unidos, onde prefeitos declaram ser a favor do Protocolo de Kyoto, mas, por outro lado, não têm nenhum projeto em ação.

Diante de cenários como esse, me pergunto de que adianta apoiar o protocolo se não há empenho para resolver os problemas essenciais à sustentabilidade. Receio também que as pessoas não sejam capazes de diferenciar o que é fundamental para promovê-la em todos os aspectos.

Concordo que a reciclagem e o desenvolvimento de novas fontes são de extrema importância. Até os greenbuildings - moda nos Estados Unidos e que vêm ganhando adeptos no Brasil - são uma alternativa aos efeitos do aquecimento global. Mas até onde iremos com isso?

Lembro-me de quando era prefeito de Curitiba, na mesma época em que aconteceu a Eco-92 e todos os professores da cidade demonstravam entusiasmo com as possíveis soluções para os problemas ambientais. Mas sempre ressaltei que não basta ser entusiasta, é necessário ter conhecimento. E hoje vivemos um mundo entusiasta da sustentabilidade, porém não há muito conhecimento.

Acredito que três ações são importantes para se tornar mais sustentável, sendo a primeiro a redução do uso do automóvel. É claro que esse item é possível apenas se obrigarmos os dirigentes públicos a proverem suas cidades de um bom e eficiente sistema de transporte.

Além da melhoria dos transportes públicos, morar perto do local de trabalho é indispensável. Hoje, as cidades estão dispersas e isso gera um grande desperdício de energia, até mesmo a do ser humano. Outra atividade, e até mais simples, é a separação do lixo. Em minha opinião, a sustentabilidade reside entre o que você poupa e o que desperdiça. É uma equação simples.

Para termos um mundo melhor para as futuras gerações não devemos esquecer do principal, as crianças। Nosso papel é ensiná-las a desenvolver o senso de responsabilidade em relação à sustentabilidade. Essa marca tem de vir dos pequenos, caso contrário eles serão manipulados de acordo com outros interesses.

*Jaime Lerner - O arquiteto e urbanista; é consultor da Organização das Nações Unidas (ONU) para temas ligados a urbanismo. Desenvolveu planos para diversas cidades do Brasil e foi governador do Paraná e prefeito de Curitiba, onde fundou o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano da cidade.

http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/sustentabilidade/conteudo_279156.shtml

GAS HOMÔNIMO DO GAS

Greenpeace


O Greenpeace é uma organização não-governamental com sede em Amsterdã (Holanda do Norte, Países Baixos) e escritórios espalhados por quarenta e um países.

Atua internacionalmente em questões relacionadas à preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável, com campanhas dedicadas às áreas de florestas (Amazônia no Brasil), clima, nuclear, oceanos, engenharia genética, substâncias tóxicas, transgênicos e energia renovável.

A organização, criada em 1971 no Canadá por imigrantes americanos, é financiada com dinheiro de pessoas físicas apenas, não aceitando recursos de governos ou empresas. Tem atualmente cerca de três milhões de colaboradores em todo o mundo - quarenta mil no Brasil - que doam quantias mensais que variam de acordo com o país. Recebe ainda doações de equipamentos e outros bens materiais, usados geralmente nas campanhas e ações do grupo.

O Greenpeace busca sensibilizar a opinião pública através de atos, publicidades e outros meios. A atuação do Greenpeace é baseada nos pilares filosóficos-morais da desobediência civil e tem como princípio básico o testemunho presencial e a ação direta.

Entre os primeiros ativistas que ajudaram a fundar a organização na década de 1970 havia pessoas com estilo de vida hippie e membros de comunidades quakers americanas, que migraram para o Canadá por não concordarem com a guerra do Vietnã. Os nomes mais destacados entre os fundadores da organização são Robert (Bob) Hunter (falecido em maio de 2005, foi membro do grupo por toda sua vida), Paul Watson (que saiu em 1977 por divergências com a direção do grupo, fundando no mesmo ano a Sea Shepherd Conservation Society, dedicada à proteção dos oceanos) e Patrick Moore (se desligou em 1986 e, em 1991, criou a empresa Greenspirit, que presta consultoria ambiental à indústria madeireira, nuclear e de biotecnologia).

As campanhas, protestos e ações do Greenpeace procuram atrair a atenção da mídia para assuntos urgentes e assim confrontar e constranger os que promovem agressões ao meio ambiente. Dessa forma o grupo conseguiu ao longo de sua história algumas importantes vitórias como o fim dos testes nucleares no Alasca e no Oceano Pacífico, o fechamento de um centro de testes nucleares americano, a proibição da importação de pele de morsa pela União Europeia, a moratória à caça de baleias e a proteção da Antártida contra a mineração. No Brasil, o Greenpeace conseguiu vitórias principalmente na Amazônia, denunciando a extração ilegal de madeira da região.

Origem do Nome
O nome da organização veio do acaso: Na ocasião da viagem para impedir um teste nuclear americano em Amchitka foi vendido um buttom para ajudar a arrecadar fundos para a viagem, as palavras "green" e "peace" foram pensadas para expressar a idéia de pacifismo e defesa do meio ambiente, porém não cabiam num buttom e foi necessário juntá-las. Nascia o Greenpeace.

Notas
1. ↑ O nome Greenpeace Foundation foi registado a 4 de Maio de 1972.
2. ↑ Work for Greenpeace

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

MMA lança fundos de apoio ao meio ambiente

O Fundo Amazônia, o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima e o documento que revisa o Protocolo Verde serão três medidas importantes para o setor ambiental que serão lançadas no dia 1º de agosto, no Rio de Janeiro, pelo ministro Carlos Minc. A solenidade, às 15 horas, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), contará com a presença do presidente Lula, que assinará o decreto criando o Fundo Amazônia e carta encaminhando ao Congresso Nacional o Projeto de Lei sobre o Fundo Clima.
O Fundo Amazônia é destinado a captar doações para investimentos em ações de combate ao desmatamento e promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no bioma amazônico, tendo por fundamento a redução das emissões de gás carbônico para a atmosfera decorrentes das áreas desmatadas na Amazônia brasileira. A expectativa é que o mecanismo capte US$ 1 bilhão em seu primeiro ano de vigência.
O Fundo Nacional sobre Mudança do Clima objetiva assegurar recursos para apoio a projetos ou estudos e financiamento de empreendimentos que visem a mitigação da mudança do clima e a adaptação à mudança do clima e aos seus efeitos.
É um instrumento fundamental para viabilizar tanto a Política Nacional sobre Mudança do Clima, lançada este ano, quanto o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, em elaboração pelo governo federal.
Já a revisão do Protocolo Verde atualiza a carta de princípios assinada por bancos oficiais em 1995, na qual se comprometem a empreender políticas e práticas em harmonia com o desenvolvimento sustentável.
A revisão contou com a participação de representantes do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste e representantes do governo federal (Ministérios da Fazenda, Agricultura, Integração Nacional, Meio Ambiente e Desenvolvimento Social).

Fonte: MMA

domingo, 26 de outubro de 2008

Admirável mundo verde


*Bety Orsini

Alguma mudança está acontecendo dentro de mim. Ando prestando atenção em coisas que jamais imaginei, descobrindo encantos insuspeitos em detalhes que, antes, me passavam despercebidos. Quando a gente fica mais velha, vai olhando o mundo com olhos grandões para não perder absolutamente nada dessa magia que é viver. Você já provou fruta de rua? Ou faz parte da legião dos que nem sequer pensaram nisso? Ou melhor, dos que não se deram conta de que alguns bairros de Niterói têm um variado pomar ao longo de suas calçadas e ao alcance de suas mãos. Mas nunca é tarde para descobrir esse mundo sensual, colorido e perfumado que, indiferente à fumaça negra e às paredes de concreto, nos espanta com um surpreendente viço em seus galhos e folhas. E com uma incrível capacidade de produzir frutos tão saborosos quanto os que compramos todos os dias, e que têm um sabor parecido com aquele beijo que queremos que nunca termine.
Podem acreditar: frutas do asfalto não têm gosto nem de cimento, nem de betume. Isso sem falar que têm uma inigualável vantagem: lembram os tempos de infância, a época em que os quintais e jardins decoravam a paisagem urbana, quando nós, num gesto ingênuo e moleque, podíamos apanhar, sem medo de represálias, um sapoti, uma goiaba ou uma laranja, dependurados em galhos que fugiam para as ruas. Até
mesmo pular um muro ou esticar os braços para furtar uma pitanga, uma jabuticaba e uma romã, para curar a rouquidão, eram atos toleráveis. Tudo isso fazia parte da lista das molecagens aceitáveis. A fartura e o olhar benevolente da vizinhança favoreciam essas práticas.

Sou, confesso, iniciante em matéria de consumo de frutas de rua. Mas já desvendei um segredo normalmente só conhecido pelos mais experientes: o bom mesmo, a sensação mais agradável, é andar em ziguezague pelas calçadas, assim meio tontinha, e distinguir, em meio às árvores, as que dão frutos, sem cair na tentação de comê-los. Ah, como é bom desviar a atenção de vitrines, resistir à compulsão pelo consumismo das roupas grifadas, olhar para cima e dar de cara com abacates e amoras, balançando como se acenassem para nossa gula. Ou exibindo-se num bailado que, no fundo, não passa de um esforço de perpetuação da espécie. Algo como: por favor, devorem-me para que nossas sementes sejam espalhadas. Um amigo que entende de natureza já me falou sobre esse mágico comportamento das plantas. Acreditei, piamente.
E logo me identifiquei com as frutas. Não que eu ande balançando por aí de galho em galho. Nem pensar! Mas por conta desse desejo que nós, mulheres, temos de preencher o coração com amor. Acho que, como as frutas, quando esse desejo fica muito intenso, ficamos lindas, cheirosíssimas e, admito, um pouco oferecidas. Mas, por favor, não duvidem, sou agora uma andarilha zen: desenvolvi um modo de caminhar num doce balanço, com ar indolente, sem pressa nem rumo, deixando que o instinto me leve a um mamoeiro em flor, uma laranjeira, um pé de maracujá, crescendo a meio metro do asfalto. Mais do que nunca, uno o útil ao agradável, sem, necessariamente, manter os olhos voltados apenas para o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor.
Afasto-me um pouco desses monumentos grandiosos, como tenho me afastado do amor-paixão, e começo a prestar atenção aos detalhes, às sutilezas do coração e da aisagem. Por isso sinto até culpa se piso, por descuido, num jamelão ou num tamarindo, como aconteceu quando, sábado passado, estiquei meu passeio até a Avenida Ary Parreiras. Na verdade, a descoberta desse tesouro plantado à beira dos paralelepípedos foi por acaso. Ou melhor, deveu-se a uma inusitada experiência que poderia ter resultado em um acidente, mas que, para minha sorte, acabou em um saboroso suco. No final de dezembro, na esquina das ruas Miguel Couto e Santa Rosa, quando ia para a academia onde faço natação, percebi que alguma coisa tinha caído como um raio a dois palmos dos meus pés. A sensação de que escapara da morte me desencorajou a baixar os olhos. Mas deu para imaginar: seria um parafuso de avião, o martelo de algum prédio em construção, a cauda de um cometa? O homem que assistiu à cena sugeriu: “Faça dela uma salada”. A ironia me tirou do estado de torpor. Olhei para o chão e vi uma enorme manga, esmagada, mas irresistivelmente apetitosa, se oferecendo para mim sem nenhum pudor. Fui rápida: recolhi a fruta e respondi ao engraçadinho na mesma moeda: “Prefiro um suco”. Dito e feito: em casa, preparei a melhor “mangada” que bebi em toda a minha vida. Com direito a um brinde ao anônimo e bondoso anjo da guarda que protegeu minha cabeça. Acabo de incluir, em meu roteiro de Icaraí, pés de café
cultivados na esquina da Otávio Kelly com Herotides de Oliveira, e dois pés de cacau na mesma Herotides, número 17. Se não chover, amanhã visitarei uma jovem jaqueira na Otávio Carneiro. E terei o prazer de ser apresentada a um abacateiro que estende galhos, cheios de frutos, sobre a calçada da Miguel Couto. Detalhe imperdoável: sou vizinha dele há anos e desconhecia sua existência. Assim como desconheço a existência do meu próximo amor, que, como manga madura, estou aguardando que qualquer dia desses surpreenda o meu coração.

*Bety Orsini é jornalista e autora de Nas ondas do rádio – histórias sentimentais de homens e mulheres do Brasil (Record)

UM INIMIGO QUASE INVISÍVEL

* Rose Tunala

Enfim outubro chegou, e com ele as chuvas iniciando um novo ciclo de vida, esverdeando nossas matas, florescendo nossa primavera. Essa é a parte poética desse lindo mês que encanta tanto aos nossos olhos. Porém, com as chuvas de outubro e de mãos dadas com o descaso também se inicia um novo ciclo de um inimigo quase invisível. Tão pequenino quanto poderoso e toma proporções cada dia mais ameaçadoras à medida que o subestimamos.

Tomando como base o município de Cachoeiro de Itapemirim – ES, com uma população em torno de 200.000 habitantes e que contabiliza próximo de 50% das notificações de dengue no estado. Conforme arquivos da Secretaria Municipal de Saúde, nos nove primeiros meses de 2008 foram notificados acima de 6.500 casos de dengue. Considerando que nem todos os casos são registrados, podemos imaginar um número bem superior a este.

Pelo que podemos observar, nossos governantes e cidadãos são providos de uma memória um tanto curta. Com uma crescente reincidência de casos e a manifestação da dengue hemorrágica, a forma mais grave da doença que geralmente leva ao óbito, o descaso com os possíveis focos do mosquito “Aedes aegypti” é alarmante. Será necessária uma nova epidemia para que se reinicie o combate ao vetor? Atitude essa que deveria fazer parte do dia-a-dia dos cidadãos e poderes públicos.

Segundo dados estatísticos do resumo do trabalho de campo do Programa de Combate à Dengue de Cachoeiro de Itapemirim, durante o mês de agosto, 50,50% dos focos do “Aedes aegypti” foram encontrados em depósitos móveis, como: produtos descartáveis em geral e vasilhames jogados nas vias e logradouros públicos e nos quintais das residências, ou seja, o mesmo cidadão que sofreu os horrores da dengue favorece a proliferação de seu agente transmissor se sujeitando a ser vitimado novamente.

Passou-se pelo período da estiagem, quando se tornam mais fáceis as ações de combate ao mosquito “Aedes aegypti”, mas pouco se falou e menos ainda foi feito nesse sentido, considerando que passamos por um ano de eleições onde nossos políticos têm suas atenções todas para um mesmo foco, o qual não se trata, infelizmente, de um foco de mosquito. O período das águas voltou em meio a turbulenta transição política, isso pode ser uma dedução apavorante.

O combate à dengue é responsabilidade de cada um de nós, as atitudes têm que se iniciar dentro de nossas casas e transpondo muros e cercas. Porque esperar que se pinte na tela do dia-a-dia uma cena de horror com enfermarias lotadas, com sofrimento e até mortes dentro de nossas casas? Porque delegar a outrem o que é de nossa responsabilidade? Tomemos para nós de vez a consciência do poder devastador da dengue e que somente todos juntos podemos formar um elo real para combater e vencê-la.

* Rose Tunala é licenciada em Ciências Biológicas e escritora


Links de Rose Tunala:
Recanto das Letras: http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=30803
Blog de Rose Tunala: http://www.rosetunaladecorpoealma.blogspot.com/

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Sintonia do amor

*Lorena Mossa

Não podemos e nem devemos nos permitir cerrar os olhos ao nosso redor para os acontecimentos tecnológicos. Atualmente quantas são as possibilidades de aproximação dos indivíduos? Veja bem, para que possamos ver, sentir, compartilhar e conviver com esse efeito, se faz necessário abrir o coração e enxergar a igualdade entre os homens.
Quando poderíamos imaginar que com o avanço da ciência e da tecnologia, teríamos como resultado a união e a igualdade das pessoas? Quando imaginar que parte da humanidade teria acesso a um aparelhinho que conectada com o mundo, além de registrar momentos de nossas vidas, iria nos permitir falar a qualquer momento de qualquer lugar com outra pessoa? No meu ponto de vista, foi ele, o telefone celular, a primeira revolução de igualdade e aproximação dos indivíduos. Partindo deste princípio é que podemos refletir em quanto a nossa evolução caminha, a passos lentos, mas caminha. Porque ainda cabe ao homem os olhos pra se ver e os ouvidos para ouvir. Perante Deus somos todos iguais... Continuo ainda com meu pensamento, alguns poderão contradizê-los, mas é essa a liberdade em que quero chegar. Vivemos numa era em que a tecnologia estreitou nossas relações, há quem pense o contrário, mas eu ainda afirmo e comprovo tal fato. O que é uma rede de relacionamentos? A rede de relacionamentos, talvez tenha sido a ferramenta mais importante neste momento em que vivemos... Ninguém está só!!!Ninguém se sente só, embora muitas vezes possa você teclar sem nenhuma companhia. Ah!!!Então é aí que eu quero chegar. Sabemos que na nossa vida nunca estamos a sós, porque temos nossos anjos e mentores protetores, eu vejo a internet, como algo assim, um tanto místico, como algo realmente criado para nos alertar e nos fazer enxergar que perante Deus somos todos irmãos, perante Deus somos todos um, perante Deus somos vidas necessitadas de outras vidas, carentes de amor, de atenção, de carinho, de amizade, de respeito, de consideração, de ajuda mútua. Perante Deus somos seres igualmente capazes de evoluir. Parece estranho hoje o carinho virtual, estranho um beijo, estranho também vc agarrar o amigo e apertar com toda sua força num abraço caloroso, estranho vc entregar uma rosa, dar um pulo de felicidade, emitir elogios, cantar. Tudo parece estranho até que se possa compreender em toda sua profundidade a importância de cada gesto. Qdo recebemos "virtualmente"uma manifestação calorosa de amizade a primeira reação é o nosso sorriso, o bem estar, a sensação de afago, isso no universo é a transmissão dos nossos melhores sentimentos, e tudo isso junto são vibrações de amor. Houve uma resistência, ainda há, muito grande em relação a essa aceitação, claro que devemos sempre ficar atentos, assim como fazemos no nosso dia a dia, devemos vigiar tudo que fazemos com cuidado e zelo, assim tb como em nossas vidas. Eu não consigo ver de outra forma que não seja essa, de caridade para com todos. Quantos médicos, quantos psicólogos, quantos profissionais das diferentes áreas compartilham seus conhecimentos orientando e ajudando, muitas vezes aquela alma infeliz... Ninguém está preocupado se o português está certo ou não, ninguém se incomoda de dividir aquela figurinha bonitinha ou compartilhar aquele vídeo. Trazendo isso para nosso cotidiano, é o exercício da melhoria pessoal, muita das vezes inconsciente mas é. Então com toda minha fé, com toda minha crença e com todo amor que trago no meu peito, eu acredito que isso aqui é uma pequena mostra de onde nós todos podemos chegar. . . As passos lentos, de tartaruga, mas podemos chegar a conviver num mundo melhor, onde aprenderemos de pouquinho em pouquinho deixar de lado nosso orgulho e nossa vaidade para viver uma vida mais íntegra e com a esperança sempre de um mundo melhor. Com amor...

*Lorena Mossa

http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=45073
http://lorenamossa.blogspot.com/



Ser ou não ser político

"O analfabeto político é tão burro
que se orgulha e estufa o peito
dizendo que odeia política.
Não sabe o imbecil
que da sua ignorância política
nascem o prostituta, o menor abandonado,
o assaltante e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista, pilantra, corrupto
e lacaio das empresas nacionais e multinacionais".
Bertolt Brecht - poeta e dramaturgo alemão .


*Mena Azevedo


Vive-se a pós-modernidade, época de grandes transformações que ocorreram em termos sociais, econômicos e científicos com o surgimento das máquinas.
Nesses tempos pós-modernos, o Brasil passou por avanços e retrocessos nas mais diversas áreas que afetam diretamente o homem. A educação foi sucateada durante a Ditadura Militar, quando as liberdades foram cerceadas nas instituições de ensino, os salários dos professores, aniquilados e as estruturas físicas das escolas, deterioradas. Restava aos educadores o simples e monótono papel de repassar conhecimentos envelhecidos e pré-determinados pelos órgãos superiores. Aos alunos, estudantes universitários ou do colegial, era-lhes negada a palavra para expor qualquer opinião ou debate de idéias. Até mesmo os discursos, por ocasião de festas cívicas ou formaturas passavam pela supervisão dos diretores das instituições. Esses eram pessoas nomeadas pelo governo e, para se conservarem nos cargos e manterem o seu “status quo”, viviam em completa subserviência aos “patrões”, homens que serviam à ditadura.
Mas como nada fica para sempre, esse estado de submissão e violência moral que tolhia a voz do povo, caiu por terra. Paulatinamente, os movimentos democráticos iam ganhando as ruas. De início, era uma voz tímida e sufocada na garganta, após viver mais de vinte anos no silêncio, com o golpe militar. Aos poucos, as vozes que se calaram por aquele “longo e tenebroso inverno”, explodiram nas ruas e avenidas das capitais e das grandes cidades e tomaram conta do país. E a política foi ocupando espaço maior nas discussões e bate-papos das pessoas das várias camadas sociais e faixas etárias.
Diz-se hoje que, nunca, no Brasil, discutiu-se tanto política e cidadania, como agora. Passado o jejum dos anos de privação da palavra, os brasileiros passaram a ingerir política no café da manhã, no almoço e no jantar. Um cardápio muitas vezes pesado, em contraponto ao jejum forçado no período de 1964 a 1985, imposto pelas armas e com o apoio de setores mais conservadores da sociedade, da imprensa e parte da igreja.
Foi um período de apreensão, tristeza e indignação em que a população brasileira mergulhou. Tudo era vigiado e cometiam-se as mais atrozes ações, em nome de uma “falsa segurança”.
Nas escolas, fecharam-se os Grêmios Estudantis e criaram-se os Centros Cívicos, controlados pelos diretores, pessoas de confiança dos governos ditatoriais. Calaram-se as vozes dos estudantes, dos artistas, dos escritores, dos poetas e de muitos jornalistas, dramaturgos e cineastas. Esses profissionais tiveram suas produções censuradas.
Caído o regime de opressão, o tema “política” volta aos bate-papos, às salas de aula, aos noticiários de rádio e tv, aos jornais escritos, às músicas, aos poemas, ao cinema e à dramaturgia. A política volta também à conversa de jovens e adultos, gente letrada e iletrada, homem da cidade e homem do campo. O fato é que há hoje uma consciência maior que grita pela liberdade de expressão, que quer escolher seus governantes e denunciá-los quando deixa de confiar neles. A mídia coloca ao alcance dos eleitores, sem medo de punição, as mazelas sociais deixadas pela inoperância, pelo descaso e pela corrupção. Ninguém aceita mais as falcatruas, o fisiologismo desrespeitoso e o nepotismo que envergonha as famílias.
Não obstante a volta das liberdades, vêem-se, ainda hoje, resquícios do regime militar engendrados na mente e na alma de políticos autoritários, verdadeiros déspotas que, para se conservarem no poder, se utilizam de meios desonestos, de prepotência e perseguições, apadrinhamentos e repartição de empregos a pessoas incapazes. Por isso, não se pode afirmar que se vive neste país uma real democracia. O regime é democrático, mas os políticos que aplaudiram a ditadura continuam com as mesmas idéias cristalizadas na suas mentes doentias. Vê-se isso materializado nas ações que praticam, nos conluios que fazem, na arrogância com que tratam seus subordinados.
Embora a liberdade tenha ressurgido como uma conquista das forças democráticas, há ainda muitos conflitos entre o que o homem comum pensa e o que o político estabelece como diretrizes de sua administração.
Sabe-se que a política é constitutiva do ser humano e prende-se ao seu caráter intrinsecamente social. Por que, então, muitas pessoas se dizem “apolíticas”? É de causar estranheza alguém declarar-se “apolítico”. Deve-se isso a quê? Alienação? Medo? Como o homem, um animal social, pode ficar dissociado da política? Não é ela parte integrante da sua sociabilidade, numa ação cruzada com a sua intersubjetividade? Existe também o outro lado que trata da relação do homem com a natureza e da relação homem-homem. Essa é uma relação insofismavelmente estabelecida, que se torna impossível ao homem sobreviver sem a política.
Essa reflexão dá conta de que a política não é algo ruim, feio, pecaminoso, sujo, mas alguns políticos é que a fizeram assim. Portanto, viver sem política é impossível. Ela é essencial à vida do ser humano, desde que suas ações sejam mediatizadas pela razão, desenroladas com autocontrole das emoções. Dessa forma , se produzirão atos conscientes e em respeito à coletividade.
Falar, então, que é “apolítico” distancia o homem da sua identidade social, porque é do homem que a política trata e é na sociedade que ele vive. Achar-se “apolítico” é, pois, um equívoco. É ter uma visão tacanha, unilateral e simplista de si mesmo e do outro, com juízo de valor concebido aleatoriamente de que política não presta e de todos os políticos são iguais. Inquestionavelmente, nenhum país, nenhum povo, nenhuma sociedade se estabelece sem política.
Viver alheio à política é uma atitude medíocre e preconceituosa do senso comum. Nenhum homem em sã consciência poderá eximir-se desse comportamento social e dessa realidade intrínseca das relações, surgidas desde a Antiguidade Clássica. Fora Tucídides o criador da história política. Ao visitar Atenas pela primeira vez, ficou atônito e se enraizou na vida da Atenas de Péricles que tinha a política como o pão nosso de cada dia. Não foi a história que se tornou política, mas o pensamento político é que se tornou histórico, segundo Werner Jaeger.
Pode-se perceber, portanto, que a política não se constrói da forma que um e outro quer, mas que ela se estabelece na sociedade como forma de melhorar o ser humano, deixá-lo mais aprimorado para viver bem consigo e com o outro. Para isso é preciso que as ações dos políticos sejam voltadas para o bem comum.
Este texto surgiu em virtude da minha inquietação de ouvir, nos últimos tempos, as pessoas se manifestarem como “apolíticas”, como prerrogativa dos seus desenganos.


*Mena Azevedo - Graduada em Letras, Pós-graduada em: Docência Superior; Administração de Sistemas Municipais de Ensino; Literatura Brasileira e Portuguesa; Membro efetivo da Academia de Letras e Artes de Brumado - ALAB, pela qual tem livro publicado: “Pelos Vieses da Educação” e poeta.

Recanto das Letras:
http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=6834

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