domingo, 26 de outubro de 2008

UM INIMIGO QUASE INVISÍVEL

* Rose Tunala

Enfim outubro chegou, e com ele as chuvas iniciando um novo ciclo de vida, esverdeando nossas matas, florescendo nossa primavera. Essa é a parte poética desse lindo mês que encanta tanto aos nossos olhos. Porém, com as chuvas de outubro e de mãos dadas com o descaso também se inicia um novo ciclo de um inimigo quase invisível. Tão pequenino quanto poderoso e toma proporções cada dia mais ameaçadoras à medida que o subestimamos.

Tomando como base o município de Cachoeiro de Itapemirim – ES, com uma população em torno de 200.000 habitantes e que contabiliza próximo de 50% das notificações de dengue no estado. Conforme arquivos da Secretaria Municipal de Saúde, nos nove primeiros meses de 2008 foram notificados acima de 6.500 casos de dengue. Considerando que nem todos os casos são registrados, podemos imaginar um número bem superior a este.

Pelo que podemos observar, nossos governantes e cidadãos são providos de uma memória um tanto curta. Com uma crescente reincidência de casos e a manifestação da dengue hemorrágica, a forma mais grave da doença que geralmente leva ao óbito, o descaso com os possíveis focos do mosquito “Aedes aegypti” é alarmante. Será necessária uma nova epidemia para que se reinicie o combate ao vetor? Atitude essa que deveria fazer parte do dia-a-dia dos cidadãos e poderes públicos.

Segundo dados estatísticos do resumo do trabalho de campo do Programa de Combate à Dengue de Cachoeiro de Itapemirim, durante o mês de agosto, 50,50% dos focos do “Aedes aegypti” foram encontrados em depósitos móveis, como: produtos descartáveis em geral e vasilhames jogados nas vias e logradouros públicos e nos quintais das residências, ou seja, o mesmo cidadão que sofreu os horrores da dengue favorece a proliferação de seu agente transmissor se sujeitando a ser vitimado novamente.

Passou-se pelo período da estiagem, quando se tornam mais fáceis as ações de combate ao mosquito “Aedes aegypti”, mas pouco se falou e menos ainda foi feito nesse sentido, considerando que passamos por um ano de eleições onde nossos políticos têm suas atenções todas para um mesmo foco, o qual não se trata, infelizmente, de um foco de mosquito. O período das águas voltou em meio a turbulenta transição política, isso pode ser uma dedução apavorante.

O combate à dengue é responsabilidade de cada um de nós, as atitudes têm que se iniciar dentro de nossas casas e transpondo muros e cercas. Porque esperar que se pinte na tela do dia-a-dia uma cena de horror com enfermarias lotadas, com sofrimento e até mortes dentro de nossas casas? Porque delegar a outrem o que é de nossa responsabilidade? Tomemos para nós de vez a consciência do poder devastador da dengue e que somente todos juntos podemos formar um elo real para combater e vencê-la.

* Rose Tunala é licenciada em Ciências Biológicas e escritora


Links de Rose Tunala:
Recanto das Letras: http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=30803
Blog de Rose Tunala: http://www.rosetunaladecorpoealma.blogspot.com/

Um comentário:

Vida disse...

Este blog e estes artigos postados são muito bom,parabens o blog mim ajudou muito com um projeto que eu estou crinado de respeito ao meio ambiente.
abraço.