* Rose TunalaA Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê em seus critérios que o índice de focos tolerado do mosquito Aedes aegypti é de 1%. Isto significa que, se em uma cidade for detectado entre 1 e 3,9 focos do mosquito em um grupo de 100 residências, considerar-se-á que a cidade se encontra em estado de alerta de risco de epidemia de dengue. Se esse índice for superior a 4, o município se enquadra nos termos de risco imediato de um surto da doença.
O Ministério da Saúde divulgou no último dia 20 o resultado do Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa). Os dados mostram que, no Brasil, 71 cidades, dentre elas 14 capitais estão em estado de alerta para uma epidemia, e, 4 cidades se encontram com índices que determinam risco eminente de um surto de dengue. Esses municípios são: Mossoró (RN), Itabuna (BA), Epitaciolândia (AC) e Várzea Grande (MT).
Vale lembrar que esses dados foram avaliados por amostragem. Neste ano, 161 municípios de todo o país participaram do levantamento. Os critérios para a seleção desses municípios foram: capitais e municípios de regiões metropolitanas, municípios com mais de 100 mil habitantes, municípios com fluxo de turistas e municípios de fronteira. No Espírito Santo, dos 78 municípios somente 7 fizeram parte desse estudo, dentre os quais 4 se encontram em estado de alerta.
No mês de abril, só na cidade do Rio de Janeiro, surgiam 1000 novos casos de dengue por dia. As Forças Armadas entraram em ação com tendas-hospitais montadas em praças públicas, foi realizada uma verdadeira operação de guerra contra a dengue. Hospitais superlotados, corredores faziam a vez de quartos, e sofrimento, pânico e desolamento era tudo que se via no semblante das pessoas. Até 15 de outubro foram notificados 250 mil casos da doença e 181 mortes no Rio.
As pessoas sofrem ou vêem o sofrimento ao seu lado, vivem momentos de verdadeiro horror, mas parece que nem todos aprendem a lição. Mais da metade dos focos de criadouros do mosquito Aedes aegypti são encontrados ainda nas residências em depósitos de água como vasos, pratos, bromélias, ralos, garrafas, calhas entupidas, lajes, piscinas, caixas d’água e lixos sólidos encontrados em seus quintais.
Podemos considerar isso como puro descaso com a própria vida e com a vida de seus familiares e vizinhos, uma vez que nessas mesmas residências onde são encontrados focos, raramente não se encontra alguém que viveu o drama e já fez parte das estatísticas da dengue. Quando se fala em dengue, não cabe a máxima que diz: “Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar”. Se você já foi vítima da dengue, permanece candidato em potencial para reincidência, e o que é pior, pode ser em uma versão mais grave da doença, inclusive a hemorrágica, que geralmente é fatal. Nesse sábado, 22 de novembro, tivemos o dia “D” de combate à dengue, onde União, Estados e Municípios se uniram à força da sociedade organizada para a guerra contra o mosquito Aedes aegypti. Porém essas ações terão seu valor reduzido ao passo que você cidadão não contribuir com a sua parte tomando os devidos cuidados, no dia-a-dia, dentro de sua própria residência, para que não se criem focos do mosquito e, também, facilitando o trabalho dos agentes da Sucam, permitindo as visitas em sua casa.
* Rose Tunala é licenciada em Ciências Biológicas e escritora