quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Educação e Desenvolvimento Sustentável


¹Júlio Nessin

“O homem é um animal irracional, exatamente como os outros. A única diferença é que os outros são animais irracionais simples, o homem é um animal irracional complexo”. Fernando Pessoa² - Reflexões Sobre o Homem.

Para entendermos a identidade destruidora do homem, ou aquilo que denominamos irracionalidade, será preciso reconceituarmos o termo “animal irracional”, considerando que se tal conceito aplica-se ao homem tem conotação distinta àquela que se concebe ao tratarmos dos outros animais.

Relativamente ao homem, o adjetivo é, sem dúvida, pejorativo, uma vez que remete à agressividade humana para com natureza, do homem para com o outro homem e do homem para consigo mesmo. É óbvio que tais ações são tipicamente humanas, justificando perfeitamente o conceito “animal irracional”, e que é totalmente diferente da ferocidade dum predador numa cadeia ecossistêmica, no fenômeno natural da sobrevivência das espécies, pois, a cena da batalha dum predador numa caça, para se alimentar, jamais poderá ser descrita como um assassinato, e sim, como ação e reação biofísica de forças que se atraem e se repelem no processo vital desse organismo que compõe a biosfera.

Por outro lado, a ação predadora da irracionalidade humana é cruel e assassina, pois é “racionalmente” concebida e chega a ser imbecil, por ser auto-destruidora. Esse “homem-irracional” caça inescrupulosamente por ganância, orgulho e poder, de forma premeditada, portanto, nominalmente “racionalizada”, enquanto que o animal irracional propriamente dito luta pela sua sobrevivência, tendo como resultante a sobreexistência das espécies que povoam cada ecossistema, mantendo o equilíbrio e a sustentabilidade do sistema como um todo.

A sustentabilidade é tema prioritário neste século, pois a corrida pelo desenvolvimento está levando o homem a se tornar a espécie ameaçadora da existência de todas as outras, inclusive da sua própria.

A luta deve ser pela busca de tentar alinhar desenvolvimento com sustentabilidade, sendo necessária, para isto, a tomada de consciência da real posição no processo desencadeado pelo ser humano, a caminho dessa autodestruição. A conscientização, por sua vez, tem que ser urgentemente instigada pelos pesquisadores das diversas áreas do conhecimento e difundida pelas instituições de ensino, do fundamental ao superior, utilizando-se de todos os meios de comunicação de massa e articulando-se com todas as organizações dos diversos segmentos da sociedade, ou seja: é preciso fazer um “levante” considerando uma nova ordem em beneficio da preservação da vida, pois a educação e desenvolvimento sustentável equivalem ao norteamento pragmático dessa “pseudo-ordem” política, econômica e social, que viaja aceleradamente a caminho do caos.


¹Júlio Nessin: Licenciado em Educação Artística com Habilitação em Desenho, Especialista em Gestão Ambiental e Poeta
²Fernando Pessoa, in 'Reflexões Sobre o Homem - Textos de 1926-1928'

EDUCAÇÃO E CIDADANIA


*Mena Azevedo


Vivemos hoje num cenário de mudanças velozes. A globalização nos coloca num mundo sem fronteiras e, como tal, não podemos estar desconectados de tudo o que acontece ao nosso redor. Isso não foge aos problemas vividos a cada dia na escola. Mais do que nunca, há uma preocupação na relação entre a escola e a realidade sociocultural dos nossos alunos, até para poder entendê-los, entender toda essa problemática chamada indisciplina. Esse é um fenômeno com o qual um grande número de professores tem dificuldade em lidar.
A Educação para o século XXI, segundo perspectivas da UNESCO traz a paz como fio condutor do mundo para a educação do futuro. Nessas perspectivas aparecem claras as novas posturas que educadores e educadoras devem adotar, como sejam: “cultivar a tolerância, o convívio com a diferença, a transigência como pressuposto e a negociação como instrumento do trabalho” em sala de aula para se chegar a um entendimento sobre os aspectos educacionais a serem observados, dentre eles educação e cidadania.
Mas o que é cidadania? De modo geral, a idéia de cidadania, hoje muito desgastada, é apresentada apenas como a de ter direitos, uma característica que não parece suficiente.
A Declaração Universal dos Direitos do Homem promulgada em 1948 já previa a violação dos direitos humanos, quando se constatava que muitas famílias não tinham direito à moradia, à saúde e à educação, dentre outros direitos negados, como o de reivindicar, de denunciar injustiças.
Não se deve limitar a idéia de cidadania a ter direitos. Vai mais além. A cidadania não deve ser entendida como uma simples inserção social, no atendimento aos direitos, mas deve-se incorporar à idéia de se cumprir deveres. Nenhum cidadão é apenas cidadão de direitos, mas cidadãos de direitos e deveres.
Como falar em cidadania para crianças de escolas de periferia, em que a maioria delas é oriunda de lares despedaçados? Como falar em cidadania quando se vêem alunos mal alimentados, cuja única refeição que recebem por dia é a merenda escolar? Como falar em cidadania para esses alunos que já se acostumaram a presenciar a cena do despejo, porque seus pais não pagaram o aluguel das casas onde moram? Como falar em cidadania para filhos de pais que viram algum membro da família morrer nos corredores de hospitais públicos? Como falar em cidadania nas instituições escolares para alunos que estudam em escolas deterioradas pelo tempo, sem mobiliário adequado e outras condições pedagógicas? Como falar em cidadania na escola, se até os professores não são respeitados como profissionais, porque lhes negam um salário digno e condições de trabalho favoráveis ao desenvolvimento das atividades pedagógicas?
Poder-se-ia falar aqui de um grande número de situações que envolvem o desrespeito à vida, quando se desrespeita os direitos fundamentais do homem.
E foi refletindo sobre essa problemática, que chegamos a uma escola para fazer uma visita aos alunos e professores. Estavam desenvolvendo o Projeto “Resgate da Cidadania”. No momento em que os parabenizamos pelo trabalho, um aluno levantou-se com a seguinte pergunta:
- Professora, estamos desenvolvendo nesta semana o projeto “Resgate da Cidadania”.
Fizemos uma pesquisa de campo e pudemos fazer nossa leitura sobre a
realidade social desses lugares e encontramos os excluídos, os oprimidos, os sem-nada, os indefesos e injustiçados pelos governos. Essas pessoas estão exercendo a sua cidadania?
- Não. Respondemos de uma forma bem segura. Estar em gozo da cidadania é ter vida digna, vida de gente. É poder gozar de todos os direitos humanos que são direitos de todos. É ter moradia, ter educação e saúde de qualidade, ter lazer, ter liberdade para decidir o que é melhor para sua vida, além de outros elementos que definem o ser e o estar no mundo.
Meu caro leitor, os alunos dessa escola continuaram com outras perguntas que surpreenderam a todos nós, por envolver aspectos relevantes da condição humana. Falaram em solidariedade, em direitos civis, sociais e políticos. Abordaram os problemas que eles vivenciam na própria escola onde estudam, nas famílias onde nasceram, no bairro onde vivem, na cidade onde moram.
Com essas colocações, percebi que estava ali um terreno propício para ajudá-los a levar avante seu Projeto “Resgate da Cidadania”, já que entendemos que a cidadania passa pelo cuidado com as pessoas e com a educação como prioridade maior. E, refletindo melhor essa problemática, em tudo isso não basta elaborar leis, nem fornecer os meios materiais... Há necessidade de introduzir em cada ação, uma dose bem grande de amor, condição “sine qua non” para alcançarmos nossos objetivos.
E foi assim, com olhos bem vivos, ouvidos atentos e mente aberta que nos despedimos dos alunos e professores dessa escola.

*Mena Azevedo - Graduada em Letras, Pós-graduada em: Docência Superior; Administração de Sistemas Municipais de Ensino; Literatura Brasileira e Portuguesa; Membro efetivo da Academia de Letras e Artes de Brumado - ALAB, pela qual tem livro publicado: “Pelos Vieses da Educação” e poeta.

O Homem é um Animal Irracional


*Fernando Pessoa


1. O homem é um animal irracional, exactamente como os outros. A única diferença é que os outros são animais irracionais simples, o homem é um animal irracional complexo. É esta a conclusão que nos leva a psicologia científica, no seu estado actual de desenvolvimento. O subconsciente, inconsciente, é que dirige e impera, no homem como no animal. A consciência, a razão, o raciocínio são meros espelhos. O homem tem apenas um espelho mais polido que os animais que lhe são inferiores.

2. Sendo assim, toda a vida social procede de irracionalismos vários, sendo absolutamente impossível (excepto no cérebro dos loucos e dos idiotas) a ideia de uma sociedade racionalmente organizada, ou justiceiramente organizada, ou, até, bem organizada.

3. A única coisa superior que o homem pode conseguir é um disfarce do instinto, ou seja o domínio do instinto por meio de instinto reputado superior. Esse instinto é o instinto estético. Toda a verdadeira política e toda a verdadeira vida social superior é uma simples questão de senso estético, ou de bom gosto.
4. A humanidade, ou qualquer nação, divide-se em três classes sociais verdadeiras: os criadores de arte; os apreciadores de arte; e a plebe. As épocas maiores da humanidade são aquelas em que sobressaem os criadores de arte, mas não se sabe como se realizam essas épocas, porque ninguém sabe como se produzem homens de génio.

5. Toda a vida e história da humanidade é uma coisa, no fundo, inteiramente fútil, não se percebe para que há, e só se percebe que tem que haver.

6. A plebe só pode compreender a civilização material. Julgar que ter automóvel é ser feliz é o sinal distintivo do plebeu.

O homem não sabe mais que os outros animais; sabe menos. Eles sabem o que precisam saber. Nós não.

*Fernando Pessoa, in 'Reflexões Sobre o Homem - Textos de 1926-1928'
Escritor português
13/06/1888, Lisboa (Portugal)
30/11/1935, Lisboa (Portugal)

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

SOLIDARIEDADE


*Marlei Alvarenga e Silva

Você sabe o que quer dizer essa palavra que soa tão leve, mas que se mostra forte?
Entre tantas traduções achei importante citar o sentido moral que vincula o individuo à vida, aos interesses e às responsabilidades dum grupo social, duma nação ou da própria humanidade.
A vida traz responsabilidades nem sempre aceitas pelo homem.
O universo oferece sonhos, consumos, prazeres, facilidades de aceitação garantidas.
Com isso, percebo o quanto o mundo precisa urgentemente de pessoas solidárias.
O sol que existe nessa palavra, tem que brilhar pra todos igualmente.
Somos prova do amor de Deus.
Na prática, não é o que acontece. Pois até o sol é tirado de algumas pessoas, quando lhes roubam a vida.
Estatutos dizem de direitos e deveres. Mas quem os aplica?
Qual é o interesse de homem em deixar, velhos, mulheres, crianças, morrerem de fome?
Por que uma pessoa acumula fortunas, sem notar o mendigo que dorme ao relento sobre um jornal?
Indústrias farmacêuticas manipulando as descobertas de cura com o interesse de aumentar seus ganhos na venda de remédios.
Negros ainda em trabalho escravo, sendo discriminado, o branco não lhe estende a mão.
Cor contagia?
Quem exerce a solidariedade, tem o sol brilhante na alma, é forte, sólido.
Não sucumbi à interesses mesquinhos.
Me dê a mão !!!! Aos poucos nosso grupo pode crescer, e nessa batalha, podemos não vencer a guerra, mas nos fortaleceremos ainda mais.
Façamos nossa parte, buscando a verdade, orientação, procurando sempre reconhecer os erros, assimilando os golpes.
Não fujamos dos compromissos difíceis.
Compartilhe a vivência do outro, entregue-se à bondade, chore, se emocione com um gesto de carinho, um abraço, desarme o coração.
Estenda sua mão.
Ela pode ser pequena, mas aos olhos de quem precisa, ela pode ter o tamanho do abismo e resgatar quem está no mais profundo dele.
Vamos à luta !!!!!!!!!!!!!!

Angélica Brio

Publicado no Recanto das Letras em 23/10/2008
Código do texto: T 1254721

*Marlei Alvarenga e Silva, poeta do "Recanto das Letras" com o pseudônimo de Angélica Brio: http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1254721

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Água

A água constitui um elemento essencial à vida, devendo chegar com qualidade e quantidade adequadas para atender às suas necessidades. O homem, além de utilizar a água para o desempenho de suas atividades enquanto ser vivo – higiene pessoal e ambiental, lavagem de utensílios, cocção, entre outros – faz uso da água especialmente como elemento de desenvolvimento econômico (em, por exemplo, processos industriais de transformação e fabricação, como veículo de transporte, solvente, refrigerante e insumo incorporado).
De acordo com dados do International Hydrological Programme da UNESCO sobre recursos hídricos, o volume total de água no planeta é calculado em torno de 1,4 bilhões km³. Porém, 97,5% dessa água é salgada, e está basicamente nos mares e oceanos. A água doce, que só representa 2,5% do total, está em sua maior parte nas calotas polares, estando apenas 0,3% desta disponível e de fácil acesso em lagos, rios e lençóis subterrâneos pouco profundos.
O crescimento populacional constante e o desenvolvimento das atividades humanas, com distribuições quase sempre não homogêneas espacialmente, e a disposição de água também irregular, contribuem para o aumento de pressão sobre os mananciais existentes.
Desta forma, a escassez de água no planeta torna-se evidente como uma preocupação mundial. Hoje, está ficando cada vez mais difícil encontrar água de qualidade. Isso devido à poluição de rios, represas e do solo, decorrente da própria ocupação e atividade humana.

http://www.pura.poli.usp.br/index.html

Um Tombo, Uma Lição


*Lorena Mossa

Hoje, quero compartilhar um tombo. Ahhhh, eu e meus tombos...

Lembro-me do último ao pé do pão de açúcar, em boas companhias e com dois carros estacionados que conseguiram amortecer minha queda. Assistir 1,71 elevado ao SALTO, se esborrachando no chão deve ser um ótimo estímulo para liberação da serotonina...

Mas caindo, temos de nos levantar, querendo ou não,temos de nos levantar. E quanto mais caímos, quanto mais nos levantamos, essa é a lógica.

No entanto, em todas as quedas existem os aprendizados, vejamos meu exemplo que, ao longo do meu desenvolvimento caí inúmeras vezes, sempre me levantando, a diferença consiste no Know-how adquirido, hoje eu me levanto tão rápido quanto caio, é a evolução natural, como a própria evolução de nossas vidas.

Ontem foi meu último tombo, ou seja, foi uma queda espetacular(o último sempre é melhor, ou pior,depende de que cai).

Não havia nada ao meu redor para que pudesse me apoiar, como no caso de cima. E ainda assim, sem nenhum apoio, a queda foi maravilhosa, meus cd's se desmembraram de sua proteção, as próprias proteções se desmembraram, transformando-se em várias peças que me levou a recolher uma por uma, o mais rápido que podia, pois estava a caminho de uma pizza, e esse era o meu maior objetivo, degustar uma deliciosa pizza.

Recolhendo meus pertences e ouvindo uma vozinha comovida e chorona chamando"mamãããããããe", fui amparada por um amigo anônimo que imediatamente pegou meu livrinho, que tinha voado para longe, ajudou-me a levantar, passando o para minhas mãos, coincidências a parte o título do livro é: "Levanta-te e Anda" de Cenyra Pinto...

Minha felicidade era tamanha pois naquele momento parecia que nada me abatia, nem a dor no joelho nem a torção do tornozelo...
O universo trabalhava a meu favor...

-Essa é uma passagem da minha vida, muito fresca, aconteceu ontem...

Na verdade, quero lhes dizer o que podemos trazer para o nosso dia-dia com um tombo.

Cada vez que você se sentir caído, desanimado, desamparado, lembre-se desse ocorrido.

Seja rápido e reaja, não deixe que nada venha abater você e sua vida.

Levanta-te quantas vezes for preciso, e cada vez que tu te levantares, mais fortalecidos estarás...

Lembre-se também do amparo, embora ao cair estivesse sem apoio para me segurar, fui amparada ao me levantar, e tu estás amparado o tempo todo.

Lembrem-se sempre: Levanta-te e anda, levanta-te e segue...
Nunca desanimes, mesmo nos momentos em que te sentires mais abandonado e só, sempre haverá uma mão caridosa, um ombro amigo e um colo acolhedor a te amparar...Fiquem com Deus e que ele os abençoe sempre.
Com Amor,

L~^(09/09/08)

Lorena Mossa
Publicado no Recanto das Letras em 12/10/2008
Código do texto: T1225220
http://recantodasletras.uol.com.br/mensagens/1225220

*Lorena Mossa
http://lorenamossa.blogspot.com/

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Pedido de demissão - autor desconhecido


Venho através desta, apresentar oficialmente meu pedido de demissão da categoria dos adultos.
Resolvi que quero voltar a ter as responsabilidades e as idéias de uma criança de 8 anos no máximo
Quero acreditar que o mundo é justo e que todas as pessoas são honestas e boas
Quero acreditar que tudo é possível
Quero que as complexidades da vida passem despercebidas por mim, e quero ficar encantado, Demita-se, você também dessa sua vida chata de adulto,
com as pequenas maravilhas deste mundo...
Quero de volta uma vida simples e sem complicações
Cansei dos dias cheios de computadores que falham,montanha de papeladas, notícias deprimentes, contas a pagar, fofocas, doenças e,
Não quero mais, ter que inventar jeitos para fazer o dinheiro chegar até o dia do próximo pagamento.
Necessidade de atribuir um valor monetário a tudo o que existe!!!!!!!!!
Não quero mais ser obrigado a dizer adeus às pessoas queridas e, com elas, a uma parte da minha vida!
Quero ter a certeza de que DEUS está no céu, e de que por isso tudo está direitinho neste mundo...
Quero achar que chicletes e picolés são as melhores coisas da vida!
Quero ficar feliz quando, amadurecer o primeiro caju, a primeira manga ou,quando a jabuticabeira ficar pretinha de frutas
Quero poder passar as tardes de verão, numa bela praia, construindo castelos na areia, e dividindo-os com meus amigos...
Quero que as maiores competições que eu tenha de entrar sejam um jogo de bola de gude, ou uma pelada...
Quero voltar ao tempo em que tudo o que eu sabia, era o nome das cores, a tabuada, as cantigas de roda, a “Batatinha quando nasce...” e a “Ave Maria...”,
e que isso não me incomodava nadinha, porque eu não tinha a menor idéia de quantas coisas eu ainda não sabia.
Quero viajar ao redor do mundo, num barquinho de papel que vou navegar numa poça deixada pela chuva.
Quero jogar pedrinhas na água,e ter tempo para olhar as ondas que elas formam.
Quero achar que as moedas de chocolate são melhores do que as de verdade, porque podemos comê-las e, ficar com a cara toda lambuzada.
Quero achar que chicletes e picolés são as melhores coisas da vida!
Quero poder passar as tardes de verão, numa bela praia, construindo castelos na areia, e dividindo-os com meus amigos...
Quero ficar feliz quando, amadurecer o primeiro caju, a primeira manga ou,quando a jabuticabeira ficar pretinha de frutas
Quero voltar ao tempo em que se era feliz, simplesmente porque se vivia na bendita ignorância da existência de coisas que podiam nos preocupar ou aborrecer...
Quero poder acreditar no poder dos sorrisos, dos agrados, das palavras gentis, da verdade, da justiça, da paz, dos sonhos, da imaginação, dos castelos no ar e na areia.
Quero estar convencido, de que tudo isso...
Vale muito mais do que o dinheiro!
A Partir de hoje, isto é com vocês, porque eu estou me demitindo da vida de adulto.
Agora, se você quiser discutir a questão, vai ter de me pegar...
PORQUE O PEGADOR ESTÁ COM VOCÊ!!!
E para sair do pegador só tem um jeito:
Demita-se, você também dessa sua vida chata de adulto,
Não tenha medo de ser feliz!...

Colaboração de Solange Bello

Sustentabilidade


*Jaime Lerner

Não basta entusiasmo, é necessário ter conhecimento...

Hoje, vivemos num mundo entusiasta da sustentabilidade, mas falta informação. E isso só mudará com ações importantes, entre elas ensinar as crianças a desenvolver o senso de responsabilidade em relação à sustentabilidade


O termo sustentabilidade se tornou objeto de desejo de muitos. Porém, nem todos aplicam o seu conceito na íntegra ou de forma correta. Em muitas das reuniões de que participei mundo afora encontrei os mais diversos absurdos, como nos Estados Unidos, onde prefeitos declaram ser a favor do Protocolo de Kyoto, mas, por outro lado, não têm nenhum projeto em ação.

Diante de cenários como esse, me pergunto de que adianta apoiar o protocolo se não há empenho para resolver os problemas essenciais à sustentabilidade. Receio também que as pessoas não sejam capazes de diferenciar o que é fundamental para promovê-la em todos os aspectos.

Concordo que a reciclagem e o desenvolvimento de novas fontes são de extrema importância. Até os greenbuildings - moda nos Estados Unidos e que vêm ganhando adeptos no Brasil - são uma alternativa aos efeitos do aquecimento global. Mas até onde iremos com isso?

Lembro-me de quando era prefeito de Curitiba, na mesma época em que aconteceu a Eco-92 e todos os professores da cidade demonstravam entusiasmo com as possíveis soluções para os problemas ambientais. Mas sempre ressaltei que não basta ser entusiasta, é necessário ter conhecimento. E hoje vivemos um mundo entusiasta da sustentabilidade, porém não há muito conhecimento.

Acredito que três ações são importantes para se tornar mais sustentável, sendo a primeiro a redução do uso do automóvel. É claro que esse item é possível apenas se obrigarmos os dirigentes públicos a proverem suas cidades de um bom e eficiente sistema de transporte.

Além da melhoria dos transportes públicos, morar perto do local de trabalho é indispensável. Hoje, as cidades estão dispersas e isso gera um grande desperdício de energia, até mesmo a do ser humano. Outra atividade, e até mais simples, é a separação do lixo. Em minha opinião, a sustentabilidade reside entre o que você poupa e o que desperdiça. É uma equação simples.

Para termos um mundo melhor para as futuras gerações não devemos esquecer do principal, as crianças। Nosso papel é ensiná-las a desenvolver o senso de responsabilidade em relação à sustentabilidade. Essa marca tem de vir dos pequenos, caso contrário eles serão manipulados de acordo com outros interesses.

*Jaime Lerner - O arquiteto e urbanista; é consultor da Organização das Nações Unidas (ONU) para temas ligados a urbanismo. Desenvolveu planos para diversas cidades do Brasil e foi governador do Paraná e prefeito de Curitiba, onde fundou o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano da cidade.

http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/sustentabilidade/conteudo_279156.shtml

GAS HOMÔNIMO DO GAS

Greenpeace


O Greenpeace é uma organização não-governamental com sede em Amsterdã (Holanda do Norte, Países Baixos) e escritórios espalhados por quarenta e um países.

Atua internacionalmente em questões relacionadas à preservação do meio ambiente e desenvolvimento sustentável, com campanhas dedicadas às áreas de florestas (Amazônia no Brasil), clima, nuclear, oceanos, engenharia genética, substâncias tóxicas, transgênicos e energia renovável.

A organização, criada em 1971 no Canadá por imigrantes americanos, é financiada com dinheiro de pessoas físicas apenas, não aceitando recursos de governos ou empresas. Tem atualmente cerca de três milhões de colaboradores em todo o mundo - quarenta mil no Brasil - que doam quantias mensais que variam de acordo com o país. Recebe ainda doações de equipamentos e outros bens materiais, usados geralmente nas campanhas e ações do grupo.

O Greenpeace busca sensibilizar a opinião pública através de atos, publicidades e outros meios. A atuação do Greenpeace é baseada nos pilares filosóficos-morais da desobediência civil e tem como princípio básico o testemunho presencial e a ação direta.

Entre os primeiros ativistas que ajudaram a fundar a organização na década de 1970 havia pessoas com estilo de vida hippie e membros de comunidades quakers americanas, que migraram para o Canadá por não concordarem com a guerra do Vietnã. Os nomes mais destacados entre os fundadores da organização são Robert (Bob) Hunter (falecido em maio de 2005, foi membro do grupo por toda sua vida), Paul Watson (que saiu em 1977 por divergências com a direção do grupo, fundando no mesmo ano a Sea Shepherd Conservation Society, dedicada à proteção dos oceanos) e Patrick Moore (se desligou em 1986 e, em 1991, criou a empresa Greenspirit, que presta consultoria ambiental à indústria madeireira, nuclear e de biotecnologia).

As campanhas, protestos e ações do Greenpeace procuram atrair a atenção da mídia para assuntos urgentes e assim confrontar e constranger os que promovem agressões ao meio ambiente. Dessa forma o grupo conseguiu ao longo de sua história algumas importantes vitórias como o fim dos testes nucleares no Alasca e no Oceano Pacífico, o fechamento de um centro de testes nucleares americano, a proibição da importação de pele de morsa pela União Europeia, a moratória à caça de baleias e a proteção da Antártida contra a mineração. No Brasil, o Greenpeace conseguiu vitórias principalmente na Amazônia, denunciando a extração ilegal de madeira da região.

Origem do Nome
O nome da organização veio do acaso: Na ocasião da viagem para impedir um teste nuclear americano em Amchitka foi vendido um buttom para ajudar a arrecadar fundos para a viagem, as palavras "green" e "peace" foram pensadas para expressar a idéia de pacifismo e defesa do meio ambiente, porém não cabiam num buttom e foi necessário juntá-las. Nascia o Greenpeace.

Notas
1. ↑ O nome Greenpeace Foundation foi registado a 4 de Maio de 1972.
2. ↑ Work for Greenpeace

Fonte: Wikipédia, a enciclopédia livre.

MMA lança fundos de apoio ao meio ambiente

O Fundo Amazônia, o Fundo Nacional sobre Mudança do Clima e o documento que revisa o Protocolo Verde serão três medidas importantes para o setor ambiental que serão lançadas no dia 1º de agosto, no Rio de Janeiro, pelo ministro Carlos Minc. A solenidade, às 15 horas, na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), contará com a presença do presidente Lula, que assinará o decreto criando o Fundo Amazônia e carta encaminhando ao Congresso Nacional o Projeto de Lei sobre o Fundo Clima.
O Fundo Amazônia é destinado a captar doações para investimentos em ações de combate ao desmatamento e promoção da conservação e do uso sustentável das florestas no bioma amazônico, tendo por fundamento a redução das emissões de gás carbônico para a atmosfera decorrentes das áreas desmatadas na Amazônia brasileira. A expectativa é que o mecanismo capte US$ 1 bilhão em seu primeiro ano de vigência.
O Fundo Nacional sobre Mudança do Clima objetiva assegurar recursos para apoio a projetos ou estudos e financiamento de empreendimentos que visem a mitigação da mudança do clima e a adaptação à mudança do clima e aos seus efeitos.
É um instrumento fundamental para viabilizar tanto a Política Nacional sobre Mudança do Clima, lançada este ano, quanto o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, em elaboração pelo governo federal.
Já a revisão do Protocolo Verde atualiza a carta de princípios assinada por bancos oficiais em 1995, na qual se comprometem a empreender políticas e práticas em harmonia com o desenvolvimento sustentável.
A revisão contou com a participação de representantes do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Banco da Amazônia, Banco do Nordeste e representantes do governo federal (Ministérios da Fazenda, Agricultura, Integração Nacional, Meio Ambiente e Desenvolvimento Social).

Fonte: MMA

domingo, 26 de outubro de 2008

Admirável mundo verde


*Bety Orsini

Alguma mudança está acontecendo dentro de mim. Ando prestando atenção em coisas que jamais imaginei, descobrindo encantos insuspeitos em detalhes que, antes, me passavam despercebidos. Quando a gente fica mais velha, vai olhando o mundo com olhos grandões para não perder absolutamente nada dessa magia que é viver. Você já provou fruta de rua? Ou faz parte da legião dos que nem sequer pensaram nisso? Ou melhor, dos que não se deram conta de que alguns bairros de Niterói têm um variado pomar ao longo de suas calçadas e ao alcance de suas mãos. Mas nunca é tarde para descobrir esse mundo sensual, colorido e perfumado que, indiferente à fumaça negra e às paredes de concreto, nos espanta com um surpreendente viço em seus galhos e folhas. E com uma incrível capacidade de produzir frutos tão saborosos quanto os que compramos todos os dias, e que têm um sabor parecido com aquele beijo que queremos que nunca termine.
Podem acreditar: frutas do asfalto não têm gosto nem de cimento, nem de betume. Isso sem falar que têm uma inigualável vantagem: lembram os tempos de infância, a época em que os quintais e jardins decoravam a paisagem urbana, quando nós, num gesto ingênuo e moleque, podíamos apanhar, sem medo de represálias, um sapoti, uma goiaba ou uma laranja, dependurados em galhos que fugiam para as ruas. Até
mesmo pular um muro ou esticar os braços para furtar uma pitanga, uma jabuticaba e uma romã, para curar a rouquidão, eram atos toleráveis. Tudo isso fazia parte da lista das molecagens aceitáveis. A fartura e o olhar benevolente da vizinhança favoreciam essas práticas.

Sou, confesso, iniciante em matéria de consumo de frutas de rua. Mas já desvendei um segredo normalmente só conhecido pelos mais experientes: o bom mesmo, a sensação mais agradável, é andar em ziguezague pelas calçadas, assim meio tontinha, e distinguir, em meio às árvores, as que dão frutos, sem cair na tentação de comê-los. Ah, como é bom desviar a atenção de vitrines, resistir à compulsão pelo consumismo das roupas grifadas, olhar para cima e dar de cara com abacates e amoras, balançando como se acenassem para nossa gula. Ou exibindo-se num bailado que, no fundo, não passa de um esforço de perpetuação da espécie. Algo como: por favor, devorem-me para que nossas sementes sejam espalhadas. Um amigo que entende de natureza já me falou sobre esse mágico comportamento das plantas. Acreditei, piamente.
E logo me identifiquei com as frutas. Não que eu ande balançando por aí de galho em galho. Nem pensar! Mas por conta desse desejo que nós, mulheres, temos de preencher o coração com amor. Acho que, como as frutas, quando esse desejo fica muito intenso, ficamos lindas, cheirosíssimas e, admito, um pouco oferecidas. Mas, por favor, não duvidem, sou agora uma andarilha zen: desenvolvi um modo de caminhar num doce balanço, com ar indolente, sem pressa nem rumo, deixando que o instinto me leve a um mamoeiro em flor, uma laranjeira, um pé de maracujá, crescendo a meio metro do asfalto. Mais do que nunca, uno o útil ao agradável, sem, necessariamente, manter os olhos voltados apenas para o Pão de Açúcar e o Cristo Redentor.
Afasto-me um pouco desses monumentos grandiosos, como tenho me afastado do amor-paixão, e começo a prestar atenção aos detalhes, às sutilezas do coração e da aisagem. Por isso sinto até culpa se piso, por descuido, num jamelão ou num tamarindo, como aconteceu quando, sábado passado, estiquei meu passeio até a Avenida Ary Parreiras. Na verdade, a descoberta desse tesouro plantado à beira dos paralelepípedos foi por acaso. Ou melhor, deveu-se a uma inusitada experiência que poderia ter resultado em um acidente, mas que, para minha sorte, acabou em um saboroso suco. No final de dezembro, na esquina das ruas Miguel Couto e Santa Rosa, quando ia para a academia onde faço natação, percebi que alguma coisa tinha caído como um raio a dois palmos dos meus pés. A sensação de que escapara da morte me desencorajou a baixar os olhos. Mas deu para imaginar: seria um parafuso de avião, o martelo de algum prédio em construção, a cauda de um cometa? O homem que assistiu à cena sugeriu: “Faça dela uma salada”. A ironia me tirou do estado de torpor. Olhei para o chão e vi uma enorme manga, esmagada, mas irresistivelmente apetitosa, se oferecendo para mim sem nenhum pudor. Fui rápida: recolhi a fruta e respondi ao engraçadinho na mesma moeda: “Prefiro um suco”. Dito e feito: em casa, preparei a melhor “mangada” que bebi em toda a minha vida. Com direito a um brinde ao anônimo e bondoso anjo da guarda que protegeu minha cabeça. Acabo de incluir, em meu roteiro de Icaraí, pés de café
cultivados na esquina da Otávio Kelly com Herotides de Oliveira, e dois pés de cacau na mesma Herotides, número 17. Se não chover, amanhã visitarei uma jovem jaqueira na Otávio Carneiro. E terei o prazer de ser apresentada a um abacateiro que estende galhos, cheios de frutos, sobre a calçada da Miguel Couto. Detalhe imperdoável: sou vizinha dele há anos e desconhecia sua existência. Assim como desconheço a existência do meu próximo amor, que, como manga madura, estou aguardando que qualquer dia desses surpreenda o meu coração.

*Bety Orsini é jornalista e autora de Nas ondas do rádio – histórias sentimentais de homens e mulheres do Brasil (Record)

UM INIMIGO QUASE INVISÍVEL

* Rose Tunala

Enfim outubro chegou, e com ele as chuvas iniciando um novo ciclo de vida, esverdeando nossas matas, florescendo nossa primavera. Essa é a parte poética desse lindo mês que encanta tanto aos nossos olhos. Porém, com as chuvas de outubro e de mãos dadas com o descaso também se inicia um novo ciclo de um inimigo quase invisível. Tão pequenino quanto poderoso e toma proporções cada dia mais ameaçadoras à medida que o subestimamos.

Tomando como base o município de Cachoeiro de Itapemirim – ES, com uma população em torno de 200.000 habitantes e que contabiliza próximo de 50% das notificações de dengue no estado. Conforme arquivos da Secretaria Municipal de Saúde, nos nove primeiros meses de 2008 foram notificados acima de 6.500 casos de dengue. Considerando que nem todos os casos são registrados, podemos imaginar um número bem superior a este.

Pelo que podemos observar, nossos governantes e cidadãos são providos de uma memória um tanto curta. Com uma crescente reincidência de casos e a manifestação da dengue hemorrágica, a forma mais grave da doença que geralmente leva ao óbito, o descaso com os possíveis focos do mosquito “Aedes aegypti” é alarmante. Será necessária uma nova epidemia para que se reinicie o combate ao vetor? Atitude essa que deveria fazer parte do dia-a-dia dos cidadãos e poderes públicos.

Segundo dados estatísticos do resumo do trabalho de campo do Programa de Combate à Dengue de Cachoeiro de Itapemirim, durante o mês de agosto, 50,50% dos focos do “Aedes aegypti” foram encontrados em depósitos móveis, como: produtos descartáveis em geral e vasilhames jogados nas vias e logradouros públicos e nos quintais das residências, ou seja, o mesmo cidadão que sofreu os horrores da dengue favorece a proliferação de seu agente transmissor se sujeitando a ser vitimado novamente.

Passou-se pelo período da estiagem, quando se tornam mais fáceis as ações de combate ao mosquito “Aedes aegypti”, mas pouco se falou e menos ainda foi feito nesse sentido, considerando que passamos por um ano de eleições onde nossos políticos têm suas atenções todas para um mesmo foco, o qual não se trata, infelizmente, de um foco de mosquito. O período das águas voltou em meio a turbulenta transição política, isso pode ser uma dedução apavorante.

O combate à dengue é responsabilidade de cada um de nós, as atitudes têm que se iniciar dentro de nossas casas e transpondo muros e cercas. Porque esperar que se pinte na tela do dia-a-dia uma cena de horror com enfermarias lotadas, com sofrimento e até mortes dentro de nossas casas? Porque delegar a outrem o que é de nossa responsabilidade? Tomemos para nós de vez a consciência do poder devastador da dengue e que somente todos juntos podemos formar um elo real para combater e vencê-la.

* Rose Tunala é licenciada em Ciências Biológicas e escritora


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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Sintonia do amor

*Lorena Mossa

Não podemos e nem devemos nos permitir cerrar os olhos ao nosso redor para os acontecimentos tecnológicos. Atualmente quantas são as possibilidades de aproximação dos indivíduos? Veja bem, para que possamos ver, sentir, compartilhar e conviver com esse efeito, se faz necessário abrir o coração e enxergar a igualdade entre os homens.
Quando poderíamos imaginar que com o avanço da ciência e da tecnologia, teríamos como resultado a união e a igualdade das pessoas? Quando imaginar que parte da humanidade teria acesso a um aparelhinho que conectada com o mundo, além de registrar momentos de nossas vidas, iria nos permitir falar a qualquer momento de qualquer lugar com outra pessoa? No meu ponto de vista, foi ele, o telefone celular, a primeira revolução de igualdade e aproximação dos indivíduos. Partindo deste princípio é que podemos refletir em quanto a nossa evolução caminha, a passos lentos, mas caminha. Porque ainda cabe ao homem os olhos pra se ver e os ouvidos para ouvir. Perante Deus somos todos iguais... Continuo ainda com meu pensamento, alguns poderão contradizê-los, mas é essa a liberdade em que quero chegar. Vivemos numa era em que a tecnologia estreitou nossas relações, há quem pense o contrário, mas eu ainda afirmo e comprovo tal fato. O que é uma rede de relacionamentos? A rede de relacionamentos, talvez tenha sido a ferramenta mais importante neste momento em que vivemos... Ninguém está só!!!Ninguém se sente só, embora muitas vezes possa você teclar sem nenhuma companhia. Ah!!!Então é aí que eu quero chegar. Sabemos que na nossa vida nunca estamos a sós, porque temos nossos anjos e mentores protetores, eu vejo a internet, como algo assim, um tanto místico, como algo realmente criado para nos alertar e nos fazer enxergar que perante Deus somos todos irmãos, perante Deus somos todos um, perante Deus somos vidas necessitadas de outras vidas, carentes de amor, de atenção, de carinho, de amizade, de respeito, de consideração, de ajuda mútua. Perante Deus somos seres igualmente capazes de evoluir. Parece estranho hoje o carinho virtual, estranho um beijo, estranho também vc agarrar o amigo e apertar com toda sua força num abraço caloroso, estranho vc entregar uma rosa, dar um pulo de felicidade, emitir elogios, cantar. Tudo parece estranho até que se possa compreender em toda sua profundidade a importância de cada gesto. Qdo recebemos "virtualmente"uma manifestação calorosa de amizade a primeira reação é o nosso sorriso, o bem estar, a sensação de afago, isso no universo é a transmissão dos nossos melhores sentimentos, e tudo isso junto são vibrações de amor. Houve uma resistência, ainda há, muito grande em relação a essa aceitação, claro que devemos sempre ficar atentos, assim como fazemos no nosso dia a dia, devemos vigiar tudo que fazemos com cuidado e zelo, assim tb como em nossas vidas. Eu não consigo ver de outra forma que não seja essa, de caridade para com todos. Quantos médicos, quantos psicólogos, quantos profissionais das diferentes áreas compartilham seus conhecimentos orientando e ajudando, muitas vezes aquela alma infeliz... Ninguém está preocupado se o português está certo ou não, ninguém se incomoda de dividir aquela figurinha bonitinha ou compartilhar aquele vídeo. Trazendo isso para nosso cotidiano, é o exercício da melhoria pessoal, muita das vezes inconsciente mas é. Então com toda minha fé, com toda minha crença e com todo amor que trago no meu peito, eu acredito que isso aqui é uma pequena mostra de onde nós todos podemos chegar. . . As passos lentos, de tartaruga, mas podemos chegar a conviver num mundo melhor, onde aprenderemos de pouquinho em pouquinho deixar de lado nosso orgulho e nossa vaidade para viver uma vida mais íntegra e com a esperança sempre de um mundo melhor. Com amor...

*Lorena Mossa

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Ser ou não ser político

"O analfabeto político é tão burro
que se orgulha e estufa o peito
dizendo que odeia política.
Não sabe o imbecil
que da sua ignorância política
nascem o prostituta, o menor abandonado,
o assaltante e o pior de todos os bandidos,
que é o político vigarista, pilantra, corrupto
e lacaio das empresas nacionais e multinacionais".
Bertolt Brecht - poeta e dramaturgo alemão .


*Mena Azevedo


Vive-se a pós-modernidade, época de grandes transformações que ocorreram em termos sociais, econômicos e científicos com o surgimento das máquinas.
Nesses tempos pós-modernos, o Brasil passou por avanços e retrocessos nas mais diversas áreas que afetam diretamente o homem. A educação foi sucateada durante a Ditadura Militar, quando as liberdades foram cerceadas nas instituições de ensino, os salários dos professores, aniquilados e as estruturas físicas das escolas, deterioradas. Restava aos educadores o simples e monótono papel de repassar conhecimentos envelhecidos e pré-determinados pelos órgãos superiores. Aos alunos, estudantes universitários ou do colegial, era-lhes negada a palavra para expor qualquer opinião ou debate de idéias. Até mesmo os discursos, por ocasião de festas cívicas ou formaturas passavam pela supervisão dos diretores das instituições. Esses eram pessoas nomeadas pelo governo e, para se conservarem nos cargos e manterem o seu “status quo”, viviam em completa subserviência aos “patrões”, homens que serviam à ditadura.
Mas como nada fica para sempre, esse estado de submissão e violência moral que tolhia a voz do povo, caiu por terra. Paulatinamente, os movimentos democráticos iam ganhando as ruas. De início, era uma voz tímida e sufocada na garganta, após viver mais de vinte anos no silêncio, com o golpe militar. Aos poucos, as vozes que se calaram por aquele “longo e tenebroso inverno”, explodiram nas ruas e avenidas das capitais e das grandes cidades e tomaram conta do país. E a política foi ocupando espaço maior nas discussões e bate-papos das pessoas das várias camadas sociais e faixas etárias.
Diz-se hoje que, nunca, no Brasil, discutiu-se tanto política e cidadania, como agora. Passado o jejum dos anos de privação da palavra, os brasileiros passaram a ingerir política no café da manhã, no almoço e no jantar. Um cardápio muitas vezes pesado, em contraponto ao jejum forçado no período de 1964 a 1985, imposto pelas armas e com o apoio de setores mais conservadores da sociedade, da imprensa e parte da igreja.
Foi um período de apreensão, tristeza e indignação em que a população brasileira mergulhou. Tudo era vigiado e cometiam-se as mais atrozes ações, em nome de uma “falsa segurança”.
Nas escolas, fecharam-se os Grêmios Estudantis e criaram-se os Centros Cívicos, controlados pelos diretores, pessoas de confiança dos governos ditatoriais. Calaram-se as vozes dos estudantes, dos artistas, dos escritores, dos poetas e de muitos jornalistas, dramaturgos e cineastas. Esses profissionais tiveram suas produções censuradas.
Caído o regime de opressão, o tema “política” volta aos bate-papos, às salas de aula, aos noticiários de rádio e tv, aos jornais escritos, às músicas, aos poemas, ao cinema e à dramaturgia. A política volta também à conversa de jovens e adultos, gente letrada e iletrada, homem da cidade e homem do campo. O fato é que há hoje uma consciência maior que grita pela liberdade de expressão, que quer escolher seus governantes e denunciá-los quando deixa de confiar neles. A mídia coloca ao alcance dos eleitores, sem medo de punição, as mazelas sociais deixadas pela inoperância, pelo descaso e pela corrupção. Ninguém aceita mais as falcatruas, o fisiologismo desrespeitoso e o nepotismo que envergonha as famílias.
Não obstante a volta das liberdades, vêem-se, ainda hoje, resquícios do regime militar engendrados na mente e na alma de políticos autoritários, verdadeiros déspotas que, para se conservarem no poder, se utilizam de meios desonestos, de prepotência e perseguições, apadrinhamentos e repartição de empregos a pessoas incapazes. Por isso, não se pode afirmar que se vive neste país uma real democracia. O regime é democrático, mas os políticos que aplaudiram a ditadura continuam com as mesmas idéias cristalizadas na suas mentes doentias. Vê-se isso materializado nas ações que praticam, nos conluios que fazem, na arrogância com que tratam seus subordinados.
Embora a liberdade tenha ressurgido como uma conquista das forças democráticas, há ainda muitos conflitos entre o que o homem comum pensa e o que o político estabelece como diretrizes de sua administração.
Sabe-se que a política é constitutiva do ser humano e prende-se ao seu caráter intrinsecamente social. Por que, então, muitas pessoas se dizem “apolíticas”? É de causar estranheza alguém declarar-se “apolítico”. Deve-se isso a quê? Alienação? Medo? Como o homem, um animal social, pode ficar dissociado da política? Não é ela parte integrante da sua sociabilidade, numa ação cruzada com a sua intersubjetividade? Existe também o outro lado que trata da relação do homem com a natureza e da relação homem-homem. Essa é uma relação insofismavelmente estabelecida, que se torna impossível ao homem sobreviver sem a política.
Essa reflexão dá conta de que a política não é algo ruim, feio, pecaminoso, sujo, mas alguns políticos é que a fizeram assim. Portanto, viver sem política é impossível. Ela é essencial à vida do ser humano, desde que suas ações sejam mediatizadas pela razão, desenroladas com autocontrole das emoções. Dessa forma , se produzirão atos conscientes e em respeito à coletividade.
Falar, então, que é “apolítico” distancia o homem da sua identidade social, porque é do homem que a política trata e é na sociedade que ele vive. Achar-se “apolítico” é, pois, um equívoco. É ter uma visão tacanha, unilateral e simplista de si mesmo e do outro, com juízo de valor concebido aleatoriamente de que política não presta e de todos os políticos são iguais. Inquestionavelmente, nenhum país, nenhum povo, nenhuma sociedade se estabelece sem política.
Viver alheio à política é uma atitude medíocre e preconceituosa do senso comum. Nenhum homem em sã consciência poderá eximir-se desse comportamento social e dessa realidade intrínseca das relações, surgidas desde a Antiguidade Clássica. Fora Tucídides o criador da história política. Ao visitar Atenas pela primeira vez, ficou atônito e se enraizou na vida da Atenas de Péricles que tinha a política como o pão nosso de cada dia. Não foi a história que se tornou política, mas o pensamento político é que se tornou histórico, segundo Werner Jaeger.
Pode-se perceber, portanto, que a política não se constrói da forma que um e outro quer, mas que ela se estabelece na sociedade como forma de melhorar o ser humano, deixá-lo mais aprimorado para viver bem consigo e com o outro. Para isso é preciso que as ações dos políticos sejam voltadas para o bem comum.
Este texto surgiu em virtude da minha inquietação de ouvir, nos últimos tempos, as pessoas se manifestarem como “apolíticas”, como prerrogativa dos seus desenganos.


*Mena Azevedo - Graduada em Letras, Pós-graduada em: Docência Superior; Administração de Sistemas Municipais de Ensino; Literatura Brasileira e Portuguesa; Membro efetivo da Academia de Letras e Artes de Brumado - ALAB, pela qual tem livro publicado: “Pelos Vieses da Educação” e poeta.

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Alcoolismo


* Lúcia Siqueira

Eu sofro, porque me preocupo muito com alguém que bebe, que está doente e não reconhece isto.

Preciso de ajuda para conhecer meus próprios limites e não invadir o limite do outro, que cego, não irá mudar pelo meu único querer.

Os reflexos do alcoolismo atordoam minha família.

Só por hoje serei paciente e não julgarei meu companheiro por suas limitações. Só por hoje serei feliz do jeito que eu sou. Só por hoje eu aceito o fluxo da vida e o ritmo do outro. Só por hoje não me envergonho do que sou ou do que meu companheiro é. Só por hoje tenho certeza que estou evoluindo e tenho feito o possível para ajudar outros em sua evolução. Só por hoje não serei impedimento ou pedra de tropeço para a evolução de outro alguém. Só por hoje não terei medo.

Definitivamente tenho paz neste momento e consciência de minha própria evolução. Tenho consciência da minha dor e do meu desespero e não desejo transferir para outros as minhas mágoas, frustrações ou medos.

Conscientemente percebo que influencio o ambiente ao redor e consequentemente as pessoas que estão nele. Me perdôo por ser como sou.

Meus sonhos e aspirações não estão represadas ou foram abortadas, aguardam o momento de suas realizações enquanto cuido de mim, da minha energia, me fortaleço, me compreendo, me perdôo, me gosto.

Estou no caminho do auto-conhecimento. Para muitos é uma loucura, para mim, é o meu caminho.

Desejo amar o meu amor com liberdade, por isto não o aprisiono. Não desejo mais me aprisionar também, nem magoar, nem infligir o direito dele de ir e vir e fazer suas próprias escolhas.

Obrigado Deus, pela lucidez, pelo menos neste momento.

Obrigado, obrigado, obrigado.

* Lúcia Siqueira: Graduada em Administração com Habilitação Hospitalar, Especialista em: Estado e Sociedade Civil: Política e Gestão d ONGs; Gestão da Qualidade em Serviços e Recursos Humanos; Política e Estratégia Governamental e Poeta.

Recanto das Letras: http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=32565.

Flexibilidade, consumo e imagem



Júlio Nessin*



O que acontece com o caráter do profissional, no seu processo de formação, dentro de uma sociedade baseada no capitalismo flexível? Essa “flexibilização” muda o significado do trabalho?
A carreira profissional é o instrumento concreto da vida econômica do trabalhador e este é descaracterizado devido à flexibilização do trabalho que se configura num sistema de poder constituído de três elementos básicos: a reinvenção descontínua de instituições, especialização flexível de produção e concentração de poder descentralizado: Reinvenção descontínua das instituições: as instituições transformam o presente descontínuo com o passado. A prática administrativa passa a ser em rede e não mais piramidal. Surgem reinvenções, reengenharia em busca da maior produtividade e, conseqüentemente, a redução de empregos; Especialização flexível: tenta por no mercado, cada vez mais rápido, produtos mais variados. Substitui a linha de montagem por ilhas de produção - mudanças nas tarefas semanais a até diárias dos funcionários e a Concentração sem centralização: implica numa falsa impressão de que esta nova forma de organização do trabalho descentraliza o poder no momento em que dá um relativo controle sobre suas atividades. Neste caso, a liberdade encontra-se, apenas, na escolha de como realizar o que é exigido pelo sistema.
Este sistema exige dos profissionais a capacidade de serem ágeis e principalmente, abertos a mudanças rápidas e em curto prazo. Esta descaracterização também acaba atingindo o seu caráter:
"O termo caráter concentra-se sobretudo no aspecto a longo prazo de nossa experiência emocional. É expresso pela lealdade e compromisso mútuo, pela busca de metas a longo prazo, ou pela prática de adiar a satisfação em troca de um fim futuro. Da confusão de sentimentos em que todos estamos em algum momento em particular, procuramos salvar e manter alguns; esses sentimentos sustentáveis servirão a nossos caracteres. Caráter são os traços pessoais a que damos valor em nós mesmos, e pelos quais buscamos que os outros nos valorizem. Como decidimos o que tem valor duradouro em nós numa sociedade impaciente, que se concentra no momento imediato? Como se podem buscar metas de longo prazo numa economia dedicada ao longo prazo? Como se podem manter lealdade e compromissos mútuos em instituições que vivem se desfazendo ou sendo continuamente reprojetadas? Estas são as questões sobre o caráter impostas pelo novo capitalismo flexível." (Sennett, 1999: 10-11).
Antes da implantação do sistema capitalista flexível, o trabalho era para a vida toda, a exemplo dos contínuos do Bando do Brasil que chegavam a gerentes, isto é: havia segurança no emprego. Deste modo, os trabalhadores poderiam prever como seriam suas vidas. Com a flexibilização, o objetivo do trabalhador passou a ser estar aberto às mudanças e correr riscos. Estas mudanças, na vida dos indivíduos, trazem consigo insegurança e o medo constante da perda não só do emprego, mas do controle de suas vidas, com isso perde-se o senso de comunidade, fazendo com que cada trabalhador cuide apenas de si, transformando colegas em adversários.
O relacionamento familiar passa a ser prejudicado, já que o trabalho não pode ser usado como exemplo de conduta ética porque o lema "Não há longo prazo" implica em não haver mais estabilidade no emprego que, conseqüentemente, não pode mais ser utilizado como o conjunto de qualificações durante toda a vida de trabalho. A principal causa disso é que agora o mercado é motivado pelo consumidor (que busca a mudança) e as pessoas não mais se associam a "longo prazo", o que enfraquece os laços:
"É a dimensão do tempo do novo capitalismo, e não a transmissão de dados high-tech, os mercados de ações globais ou o livre comércio, que mais diretamente afeta a vida emocional das pessoas fora do local de trabalho. Transposto para a área familiar, 'Não há longo prazo' significa mudar, não se comprometer e não se sacrificar (...)." (SENNETT, 1999 p. 25).
A "flexibilidade" implica em ser adaptável a forças variáveis, sem ser quebrado por elas, tornando-se uma forma de resolver o problema da rotina. Segundo Harvey (1989, p. 140), a flexibilidade “também envolve um novo movimento que é a compressão do espaço-tempo no mundo capitalista”.
Em meio a esse contexto, surge a exigência do indivíduo ser capaz de dobrar-se à mudança, capaz de não se apegar ao que constrói, trazendo à tona mais um traço da flexibilidade do caráter: a tolerância à fragmentação. O desprendimento do passado e a aceitação da fragmentação tornam-se traços essenciais do caráter que é formado dentro deste mundo flexível, que cria novas estruturas de poder e controle.
Outra mudança no caráter, trazida pela flexibilidade, é a avaliação ilegível da classe social e do trabalho realizado por parte dos trabalhadores. Em fim, o compromisso com o trabalho torna-se superficial porque não se entende o que se faz. É daí que decorre a necessidade de estar apto a correr riscos, a estar sempre mudando, já que não se tem uma ligação pessoal com o trabalho realizado. Conseqüentemente, não se deve ter medo de correr riscos, pois correr riscos é uma exigência da flexibilização.
Torna-se necessário ter coragem para enfrentar os riscos e sempre começar do zero; provar, todos os dias, que se é capaz, como se diz popularmente: “matar um leão por dia”. Mas correr riscos gera uma incerteza que produz uma desorientação que se apresenta de três formas: 1) mudanças laterais ambíguas: mudanças para o lado, e não para cima (a hierarquia piramidal é substituída por redes); 2) perda retrospectiva: só se sabe a perda depois de realizada a ação; e 3) resultados salariais imprevisíveis: perdas de ganhos salariais. No entanto, no mundo flexível, deve-se correr risco mesmo sabendo que se pode fracassar.
Surge assim, o “homem irônico”, que não se leva a sério por estar sempre sujeito à mudança. O fracasso passa a ser uma perspectiva de vida, e é assumido pelos trabalhadores como uma responsabilidade pessoal, que passa por três fases distintas: traição da empresa, busca de forças externas para culpar e responsabilidade a respeito do que poderia ser feito para evitar a situação.
Apesar de todas essas condições emocionais geradas pela nova forma de organização do trabalho, ou seja: incertezas da flexibilidade, ausência de confiança, superficialidade das relações, etc., o capitalismo moderno trouxe uma conseqüência inesperada: o anseio de comunidade, a busca pelo "Nós", como forma de auto-proteção, de auto-defesa contra a instabilidade e insegurança causadas pela flexibilização. Mas, ao mesmo tempo, a constatação de que se necessita do outro, traz com ela o problema da desconfiança. É a vergonha da dependência que corrói a confiança e o compromisso mútuos apresentando-se, esta questão.
Pode-se concluir, portanto, que a formação do caráter dos indivíduos não está relacionada apenas ás questões psicológicas, mas que também é fortemente influenciada pelo social; e que se trata de descobrirmos como manter o senso de comunidade dentro de uma sociedade. Nesse sentido Sennett afirma: “sei que um regime que não oferece aos seres humanos motivos para ligarem uns para os outros não pode preservar sua legitimidade por muito tempo” (SENNETT, 2001 p. 176)


Referências Bibliográficas:
HARVEY, David. Condição pós-moderna. São Paulo: Loyola, 2000.
SENNETT, Richard. A corrosão do caráter: conseqüências pessoais do trabalho no novo capitalismo. Rio de Janeiro: Record, 2001.


*Júlio Nessin: Licenciado em Educação Artística com Habilitação em Desenho, Especialista em Gestão Ambiental e Poeta.
http://recantodasletras.uol.com.br/autor.php?id=31253

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Meu ambiente


*Júlio Nessin







Na ponta
No lado
No meio...
Mas não pela metade!...
Um meio todo
Um meio cheio
Cheio de vida em meio à diversidade
Um ambiente que nos dá vida
A própria vida em busca da eternidade...
Na tenra idade do universo
Busco nos meus versos
Clamar por essa realidade...
Respeitem o meio ambiente
Que é seu e é meu
E isso eu afirmo com preocupação
Por causa de toda ocupação desregrada
O consumo que consome o mundo
E que some o nome no fundo
Por pura vaidade exagerada.

Publicado no Recanto das Letras em 05/06/2008
Código do texto: T1021449

*Júlio Nessin: Licenciado em Educação Artística com Habilitação em Desenho, Especialista em Gestão Ambiental e Poeta


EDUCAÇÃO AMBIENTAL NAS ESCOLAS


Rose Tunala *

A crescente necessidade de se criar uma consciência individual e coletiva sólida sobre as relações dos seres entre si, do ser humano com ele mesmo e do ser humano com seus semelhantes, faz com que cada dia mais a educação ambiental se torne prioritária em todos os ramos de nossa sociedade.
Educação ambiental, tecnicamente falando, tem por objetivo disseminar conhecimentos sobre o ambiente a fim de promover sua preservação e a utilização de seus recursos de modo sustentável. Porém, sendo aplicada unicamente por essa óptica se viabilizaria apenas o conhecimento e não a tão desejada consciência ecológica.
A educação ambiental nas escolas é considerada o caminho mais curto para se criar essa consciência, uma vez que, se bem que capacitados, professores são perfeitos multiplicadores de conceitos e padrões de comportamentos. Há pedagogos que defendem sua implantação como uma disciplina específica, porém a grande maioria concorda com a LEI No 9.795, DE 27 DE ABRIL DE 1999 , onde determina que a educação ambiental deve ser desenvolvida no currículo de ensino como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal. Nesse caso, de maneira interdisciplinar o ambiente deve ser abordado em seus aspectos físicos, químicos, biológicos, sociais, econômicos, psicológicos e tantos outros, de forma a promover a sustentabilidade através atividades diversas, teóricas e práticas.
No ensino básico, principalmente nas primeiras séries, o professor tem um grande poder de persuasão, e, é nessa fase que as crianças estão formando suas personalidades que a acompanharão para o resto da vida. Se bem trabalhadas, essas crianças se tornam solos fecundos para serem plantadas boas idéias e atitudes. Nesse contexto devem estar inseridos a escola, a família e a sociedade como um todo. As atividades não podem se restringir à sala de aula. São necessárias ações práticas onde envolva comprometimento pessoal de todos com a causa ambiental. Podemos citar ações como: Campanhas praia limpa, campanhas contra a dengue, concursos de redações e poesias, cultivo de hortas comunitárias, conscientização de coleta seletiva de lixo, palestras direcionadas para as famílias e sociedade em geral, entre tantas mais.
Essas ações geralmente ocorrem isoladas, na semana do meio ambiente, dia da árvore e outras datas sugestivas, porém para que possamos um dia conviver em um ambiente equilibrado com os seres em harmonia entre si, se faz necessária uma educação ambiental com mais atitude, mais presença, mais constância e menos retórica.

* Rose Tunala é licenciada em Ciências Biológicas e escritora

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